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Voto antecipado nos EUA prenuncia panes no sistema
Votantes já enfrentam problemas com urnas eletrônicas e mecânicas, além de conflito de dados em listas eleitorais
O alto comparecimento maximiza erros técnicos e desconfianças políticas; no país, modelo de votação é determinado localmente
Jae C. Hong/Associated Press
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Obama sobe no palanque para comício em Deus Moines, Iowa
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
Beverly Kaufman, secretária
geral do condado de Harris, no
Texas, recebeu neste mês dezenas de relatos de distritos que
enfrentavam um pesadelo eleitoral nos Estados Unidos: as
máquinas de votação estavam
invertendo os votos de um candidato presidencial para outro.
O erro ocorreu durante a votação antecipada para a Casa
Branca e o Congresso, permitida em mais de 30 dos 50 Estados americanos neste ano.
Quando eleitores escolhiam a
opção de votar no Partido Democrata em todas as disputas,
no campo do presidente, em
vez de Barack Obama, o voto ia
para o republicano John
McCain. "Não sei mais como
pedir a eleitores que confiram o
voto e fiquem atentos", disse
Kaufman.
E ela não foi a única. A quantidade de problemas na votação
já levou advogados, voluntários, membros dos partidos e
organizadores eleitorais por todo o país a elevar o alerta para a
votação da próxima terça,
quando o alto comparecimento
deve maximizar as panes.
Nos EUA, cada Estado define
seu sistema de votação. Alguns
vão usar cédulas, outros urnas
eletrônicas, outros terão cartões perfurados e lidos por sistemas ópticos, e a maioria terá
mais de um sistema misturado.
Cada tipo apresenta uma lista de problemas. No caso de
Harris, o erro foi causado porque as máquinas usadas, em
que o voto é dado por toques na
tela, estavam descalibradas.
Questão pior é o uso disseminado de máquinas que não imprimem registros de votos -algo que acontece em ao menos
19 Estados. Em caso de pane ou
suspeita de erro, não há como
conferir o resultado.
"Muitos Estados estão usando tecnologias inéditas. Os eleitores não sabem usar as máquinas e os funcionários das seções não sabem reagir a problemas", afirma Adam Skaggs, do
Centro Brennan de Justiça, da
Universidade de Nova York.
Em um estudo do centro, dez
Estados foram classificados como tendo sistema eleitoral
"inadequado" ou em que melhorias são urgentes neste ano:
Colorado, Texas, Virgínia,
Utah, Carolina do Sul, Tennessee, Delaware, Kentucky, Louisiana e Nova Jersey.
No Colorado e na Virgínia, a
disputa entre John McCain e
Barack Obama continua indefinida -e qualquer margem de
votos poderá ser decisiva.
Barrados
Mas, antes de chegar às urnas, os eleitores enfrentam outro desafio: o de ter o registro
eleitoral aceito. As exigências
para registro eleitoral variam
em cada Estado. Alguns eleitores estão sendo rejeitados por
erros em detalhes dos formulários. Outros, porque suas informações eleitorais não batem
com os de outras bases de dados, como a da Seguridade Social -mesmo que seja por diferença de ortografia ou mudança de endereço.
Partidos e grupos independentes já entraram com dezenas de processos na Justiça desafiando registros eleitorais em
Estados críticos para a vitória,
como Colorado, Virgínia e Pensilvânia. No sistema eleitoral
americano, em que o presidente é escolhido por um Colégio
Eleitoral formados por 538 delegados alocados pelos 50 Estados de acordo com o resultado
do voto popular, esses são alguns dos Estados-chave.
As soluções para os problemas nos registros também são
frágeis. Se chegarem às urnas e
não encontrarem seu nome nas
listas de eleitores, americanos
podem dar um voto provisório,
que precisa ser confirmado depois. Muitos acabam inutilizados -até dois terços são inutilizados em alguns Estados, segundo Skaggs. E, dos que contam, grande parte é vulnerável
a questionamentos na Justiça.
Preocupado com a escalada
de problemas, o Departamento
de Justiça dos EUA divulgou
nota ontem assegurando que
"permanece comprometido
com a vigorosa aplicação de leis
federais (...) que protegem o direito de voto, o valor de votos
dados honestamente e a integridade das eleições do país".
Apesar do cenário, Skaggs
afirma que a pressão popular
fez com que a maioria das tentativas de impedir eleitores de
votar não tenha sido bem sucedida até agora.
"Chegaremos ao fim da eleição sabendo que haverá problemas, mas confiantes de que a
votação será o mais suave possível."
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