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O IMPÉRIO VOTA
Obama polariza EUA mais até que Bush
Pesquisas mostram recorde na diferença de aprovação entre democratas e republicanos; país vota amanhã
Abismo ajuda a explicar surgimento de grupos como ultraconservador Tea Party, dedicado a derrotar o presidente
LUCIANA COELHO
EM BOSTON
Mudança não é a única
bandeira que Barack Obama
pena para tornar real.
Eleito sob a promessa de
unir o pais, o presidente viu o
abismo partidário crescer
sob seus pés e fazer de seu
governo o mais polarizador
nos EUA desde a Segunda
Guerra, segundo pesquisas.
Isso ajuda a explicar a motivação de republicanos para
derrotá-lo na eleição para
Congresso e governos estaduais marcada para amanhã.
De acordo com o instituto
Pew, a diferença hoje entre
democratas e republicanos
que querem vê-lo tentar a
reeleição em 2012 é de 71 pontos percentuais.
Com Bill Clinton (1993-2001) e George Bush pai
(1989-93), era de 34, e com
Ronald Reagan (1981-89), de
46 (Bush filho não é citado).
Já a série do Gallup mostra
que a taxa de aprovação média de Obama exibe uma diferença de 65 pontos entre
governistas e opositores, enquanto a de George W. Bush
(2001-09) e Reagan era de 45,
a de Clinton, de 52 e a de
Bush pai, de apenas 32.
"Esse abismo é um padrão
das últimas décadas que piorou com Bush e Obama", disse à Folha Robert Shapiro,
professor de ciência política
na Universidade Columbia,
em Nova York, e diretor do
projeto de opinião pública na
mesma entidade.
"Cada vez mais democratas se identificam como liberais e republicanos, como
conservadores", afirmou
Shapiro. "O conflito tem crescido tanto em questões factuais quanto ideológicas."
RAIVA E ECONOMIA
Pontos de cisão listados
por Shapiro são as questões
de economia ligadas ao bem-estar social, mote desta campanha, e temas raciais, culturais e de política externa (exceto Iraque e Afeganistão).
Essas divisões são exacerbadas por uma mídia igualmente polarizada, capitaneada pela Fox News e a
MSNBC, cada uma a seu lado, e por figuras como o comentarista conservador
Glenn Beck.
Com isso, a atual campanha legislativa evoca as propostas de duelos armados
entre membros de partidos
opostos no século 19. Naquela época, porém, polarização
significava coesão dentro de
cada bloco.
Não é o caso em um Partido Republicano rachado entre ativistas ultraconservadores reunidos sob o movimento Tea Party e moderados. Ou
diante de democratas que renegam o presidente.
"Obama até tentou adotar
posições mais moderadas,
na reforma da saúde e no estímulo econômico", diz Shapiro. "Mas foi em vão." Ele
atribui ao governo Bush e aos
lideres partidários no Congresso o acirramento.
O saldo é resumido na ilustração da última capa da revista britânica "The Economist". Nela, uma turba rodeia um presidente Obama
estático com cartazes que o
acusam de inépcia e lhe cobram empregos.
O risco dessa agressividade é matar qualquer consenso em um Congresso onde, a
julgar pelas sondagens, os
republicanos devem conquistar a Câmara, mas os democratas ainda manteriam
uma maioria, ainda que magra, no Senado.
FOLHA.com
Leia texto sobre impacto
da economia no voto
folha.com.br/mu823420
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