São Paulo, terça-feira, 01 de novembro de 2011

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Unesco aprova a Palestina como novo Estado-membro

Organização é a primeira da ONU a reconhecer plenamente os palestinos

Em resposta, EUA vão congelar um repasse de R$ 102 milhões à agência; Israel promete rever sua contribuição

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

Sob a ameaça de ficar sem a contribuição financeira dos Estados Unidos, a Unesco (Organização da ONU para Educação, Ciência e Cultura) aprovou ontem por grande maioria a entrada da Palestina como membro pleno.
Em resposta, o governo americano anunciou o congelamento de um repasse de R$ 102 milhões à Unesco previsto para novembro.
Uma lei de 1994 do Congresso dos EUA proíbe o financiamento de agências da ONU que aceitem a Palestina como membro pleno.
A iniciativa na Unesco é mais um passo da campanha palestina para obter o reconhecimento da ONU.
Em setembro, o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, entrou com um pedido para que o Estado palestino seja aceito como membro da organização, onde também encontrou forte resistência dos EUA.
Apesar da oposição americana, a votação na Unesco teve larga maioria em favor do pedido palestino.
Dos 173 membros que votaram, 107 foram a favor, entre eles Brasil, Rússia e China. Quatorze disseram não, incluindo EUA, Alemanha e Holanda. A aprovação foi recebida com aplausos na sede da Unesco, em Paris.

PATRIMÔNIO MUNDIAL
"Esta votação apaga uma pequena parte da injustiça causada ao povo palestino", festejou o chanceler da ANP, Riad Malki. Uma das primeiras iniciativas palestinas deve ser a candidatura da Igreja da Natividade, em Belém, a Patrimônio Mundial.
Segundo a embaixadora do Brasil na Unesco, Maria Laura da Rocha, o voto favorável foi um gesto coerente com a "posição tradicional" do Itamaraty, de reconhecimento do Estado palestino.
"Nosso voto é na direção de facilitar o diálogo que possa levar à paz", disse à Folha, de Paris. Segundo ela, a contribuição do Brasil equivale a 1,6% do orçamento anual da Unesco.
Para os EUA, o efeito é o oposto. Victoria Nuland, porta-voz do Departamento de Estado, chamou de "lamentável e prematura" a votação.
"Ela mina nossa meta conjunta de uma paz abrangente, justa e duradoura no Oriente Médio", criticou Nuland, confirmando a suspensão do repasse de verbas. A contribuição americana representa 22% do orçamento.
Israel também condenou a votação e anunciou que irá rever sua colaboração com a Unesco, para a qual contribui com 3% do orçamento, além de estudar possíveis sanções à Autoridade Palestina.


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