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entrevista
Juiz defende voto e ataca mídia pública
DE CARACAS
Único alto funcionário
do Estado a se manifestar
oficialmente contra a reforma, o juiz eleitoral Vicente Díaz afirma que o
uso da máquina estatal é o
maior problema das campanhas eleitorais venezuelanas, mas diz que o
sistema eletrônico de votação é mais confiável do
que o brasileiro.
"Na Venezuela, esse desequilíbrio gigantesco no
uso dos recursos e dos
meios de comunicação do
Estado em favor de uma
candidatura é a mancha
cinzenta mais importante
no sistema de votação",
disse Díaz, 47, à Folha, em
entrevista anteontem no
CNE, em Caracas.
Díaz se notabilizou pelas reiteradas críticas tanto contra o uso da máquina na campanha quanto
em relação à reforma -ele
entrou com um recurso no
Supremo Tribunal de Justiça (STJ) alegando inconstitucionalidade, mas
em vão.
Nas votações, costuma
ser o único a divergir. Nesta semana, opôs-se sozinho à decisão do CNE de
investigar a Conferência
Episcopal Venezuelana
(CEV) por pedir votos
contra a reforma sem ser
do Bloco do Não. Para
Díaz, o CNE não coíbe o
uso da máquina por dois
motivos: a falta de mecanismos legais previstos na
Lei do Sufrágio e a "falta
de vontade política de parte de meus colegas".
O juiz eleitoral explica
que a punição máxima que
o CNE pode aplicar é uma
sanção administrativa de
até 500 unidades tributárias (US$ 16 mil). Já a investigação de desvio de recursos públicos, por ser
tema de corrupção administrativa, é competência
da Controladoria Geral e
da Procuradoria Geral da
República. Mas Díaz afirma que não foi aberta nenhuma investigação contra Chávez em dois anos.
Por outro lado, ele assegura que a votação é à prova de fraudes: "Diferente
do Brasil, o sistema venezuelano emite um comprovante físico de voto
que permite fazer uma auditoria posterior". Há
duas semanas, a reportagem da Folha vem solicitando uma entrevista com
a presidente do CNE, Tibisay Lucena, mas não obteve resposta.
(FM)
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