São Paulo, sábado, 01 de dezembro de 2007

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entrevista

Juiz defende voto e ataca mídia pública

DE CARACAS

Único alto funcionário do Estado a se manifestar oficialmente contra a reforma, o juiz eleitoral Vicente Díaz afirma que o uso da máquina estatal é o maior problema das campanhas eleitorais venezuelanas, mas diz que o sistema eletrônico de votação é mais confiável do que o brasileiro.
"Na Venezuela, esse desequilíbrio gigantesco no uso dos recursos e dos meios de comunicação do Estado em favor de uma candidatura é a mancha cinzenta mais importante no sistema de votação", disse Díaz, 47, à Folha, em entrevista anteontem no CNE, em Caracas.
Díaz se notabilizou pelas reiteradas críticas tanto contra o uso da máquina na campanha quanto em relação à reforma -ele entrou com um recurso no Supremo Tribunal de Justiça (STJ) alegando inconstitucionalidade, mas em vão.
Nas votações, costuma ser o único a divergir. Nesta semana, opôs-se sozinho à decisão do CNE de investigar a Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) por pedir votos contra a reforma sem ser do Bloco do Não. Para Díaz, o CNE não coíbe o uso da máquina por dois motivos: a falta de mecanismos legais previstos na Lei do Sufrágio e a "falta de vontade política de parte de meus colegas".
O juiz eleitoral explica que a punição máxima que o CNE pode aplicar é uma sanção administrativa de até 500 unidades tributárias (US$ 16 mil). Já a investigação de desvio de recursos públicos, por ser tema de corrupção administrativa, é competência da Controladoria Geral e da Procuradoria Geral da República. Mas Díaz afirma que não foi aberta nenhuma investigação contra Chávez em dois anos.
Por outro lado, ele assegura que a votação é à prova de fraudes: "Diferente do Brasil, o sistema venezuelano emite um comprovante físico de voto que permite fazer uma auditoria posterior". Há duas semanas, a reportagem da Folha vem solicitando uma entrevista com a presidente do CNE, Tibisay Lucena, mas não obteve resposta. (FM)


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