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Amorim quer fatos concretos
para recompor elo com Quito
Brasil não veste carapuça de "mesmos de sempre", diz
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A DOHA
O chanceler Celso Amorim
disse que o embaixador do Brasil em Quito, Antonino Marques Porto, permanecerá em
Brasília até que "fatos concretos" demonstrem a intenção do
Equador em manter a "normalidade" das relações entre os
dois países.
No último dia 21, o governo
brasileiro chamou de volta o
embaixador, em resposta à decisão do presidente Rafael Correa de recorrer a um tribunal
internacional para não pagar
um empréstimo de US$ 243
milhões concedido pelo
BNDES para a construção de
uma hidrelétrica no país.
Em entrevista à Folha durante uma conferência internacional em Doha, Amorim
inicialmente não quis comentar as declarações feitas na semana passada por Correa, ao
receber o apoio da Alba (grupo
formado por Venezuela, Bolívia, Nicarágua, Honduras, Cuba e Dominica) para contestar
as dívidas do país.
Mas ao saber que Correa havia feito insinuações contra o
Brasil, condenando as pressões
"dos mesmos de sempre" pelo
pagamento "da clamorosa ilegalidade da dívida", Amorim
decidiu reagir.
"Não questionamos o direito
de qualquer país de questionar
suas dívidas sobretudo os países mais pobres", disse o chanceler. "Mas não vou vestir uma
carapuça que não pertence ao
Brasil. Primeiro, ninguém pode
dizer que o Brasil está entre os
mesmos de sempre. Segundo,
não posso dizer que há uma
clamorosa ilegalidade da dívida
do BNDES".
Amorim voltou a lamentar
que Correa não tenha consultado o governo brasileiro antes
de recorrer à arbitragem internacional. Para ele, o incômodo
foi causado "muito mais pela
forma do que pelo conteúdo".
O chanceler afirmou que tem
a expectativa de que o episódio
poderá evoluir "positivamente", mas não quis antecipar
quando o embaixador retornará a Quito. "Essas coisas são
imprevisíveis. Dependem de
fatos concretos. Há sinais de
que as coisas poderão ter uma
relativa normalidade", disse.
Ele disse que o Brasil vai esperar "fatos que indiquem uma
disposição de manter uma normalidade nas relações" com o
Equador. Mas alertou que é importante evitar exageros.
"Já disseram que [a convocação do embaixador] é o primeiro passo para o rompimento de
relações. Isso nunca passou pela nossa cabeça", disse.
"O Brasil não tem nada a ver
com os mesmos. Em nossa atitude, sempre procuramos encontrar as melhores soluções".
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