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Ação de Israel deve ter efeito oposto a planejado
ROULA KHALAF
DO "FINANCIAL TIMES"
Israel escolheu seu timing
com cuidado quando decidiu
tentar restabelecer seu poder
de dissuasão, destroçado há
dois anos quando travou guerra
contra o Hizbollah, do Líbano,
e saiu fortemente contundido.
O país escolheu um alvo mais
fraco -a miserável Faixa de
Gaza, governada pelo grupo islâmico Hamas, muito menos
disciplinado e menos armado.
Empregou força avassaladora, durante a transição presidencial americana e antes da
posse de Barack Obama, que
poderia mostrar-se menos favorável a suas aventuras militares. E agiu contra o Hamas num
momento em que muitos Estados árabes, em especial o Egito,
se voltam contra o grupo.
Mas será que a nova guerra
de Israel era necessária? E pode o país emergir dela mais forte que em 2006?
Faltando poucas semanas
para uma eleição, não surpreende que todos os líderes israelenses estejam fazendo o
possível para provar que podem impedir a saraivada de foguetes do Hamas.
Entretanto, com um pouco
de paciência e diplomacia, a
trégua com Hamas poderia ter
sido renovada. Foi Israel quem
desferiu o primeiro golpe contra o cessar-fogo, matando seis
militantes do Hamas.
Como é de praxe, boa parte
da comunidade internacional
ou está mantendo silêncio ou
dando apoio a Israel. Talvez tenham a impressão de que, batendo forte no Hamas, Israel
consiga mudar o equilíbrio de
poder na região, que nos últimos anos pendeu em favor de
forças mais radicais.
Ao escolher a opção militar,
porém, Israel pode gerar mais
baixas políticas do que pretendia. Os chamados moderados
do mundo árabe dificilmente
sairão desta crise reforçados.
A reação de apoio de Bush
também dificultará a tarefa de
Obama de restaurar a imagem
dos EUA na região. Não faz
muito tempo que o Oriente
Médio estava comemorando a
eleição americana, prevendo
que a diplomacia tomaria o lugar da força.
Mas seria ilusão imaginar
que é possível travar guerra numa frente e fazer paz na outra,
ou que a Cisjordânia, governada pelo secular Fatah, possa
prosperar enquanto a Faixa de
Gaza arde em chamas.
Infelizmente, a consequência provável dos ataques será o
fortalecimento das próprias
forças que eles visavam enfraquecer, Os perdedores serão as
vozes que argumentam em favor de uma resolução pacífica
do conflito do Oriente Médio.
Tradução de CLARA ALLAIN
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