São Paulo, sábado, 02 de janeiro de 2010

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EUA veem elo entre nigeriano e imã no Iêmen

Autor de tentativa de ataque em voo no Natal conversou com o religioso Anwar al Aulaqi, confidente do atirador de Fort Hood

Dado expõe novas falhas de segurança e deve elevar tom das críticas a Obama, que terá uma reunião na terça para rever contraterrorismo

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

Sob pressão por falhas na segurança, autoridades americanas investigam o relacionamento entre o nigeriano que tentou explodir um voo americano no Natal e um imã radical que vive no Iêmen -o mesmo associado ao perpetrador do ataque à base militar americana de Fort Hood, que matou 13 pessoas em 5 de novembro.
Segundo investigadores, o nigeriano Umar Farouk Abdulmutallab, 23, teve contato com o imã Anwar al Aulaqi, cujos passos são acompanhados pela inteligência dos EUA há anos.
O relacionamento entre os dois pode ser mais um sinal do que o presidente Barack Obama classificou como "falhas sistêmicas" na segurança. Apesar de o país ter investido bilhões de dólares no sistema de segurança após o 11 de Setembro, as informações coletadas entre as agências não foram compartilhadas de modo a evitar que o nigeriano embarcasse com material explosivo em um voo de Amsterdã para Detroit. Até o momento, não se sabe se o religioso influenciou o plano.
O nome de Al Aulaqi apareceu recentemente no noticiário como confidente do major Nidal Malik Hasan, psiquiatra do Exército dos EUA que atacou Fort Hood. O imã admitiu ter trocado e-mails com o atirador, mas negou papel no ataque.
O religioso chegou a ser dado como morto após um ataque de forças iemenitas, com apoio dos EUA, contra a Al Qaeda no país, mas familiares negaram.
O ressurgimento do nome de Al Aulaqi levantou discussões sobre o papel desempenhado por religiosos extremistas carismáticos que usam a internet para atrair fiéis. A preocupação é que eles usem a rede para recrutar pessoal para organizações como a Al Qaeda.
Abdulmutallab também teve contato com outro radical muçulmano, o pregador Abdullah el Faisal, nascido na Jamaica. Faisal foi deportado do Reino Unido em 2007, condenado a quatro anos de prisão por incitar assassinatos e ódio racial e acusado de influenciar um dos autores de um ataque terrorista em Londres em 2005.

Revisão de segurança
Diante da avalanche de críticas da oposição de que seu governo não se empenhou no combate ao terrorismo, a Casa Branca informou que Obama continuaria recebendo neste final de semana relatórios sobre falhas de segurança, que serão analisados até segunda.
O presidente, que está em férias no Havaí, marcou para terça-feira em Washington uma reunião com os diretores das agências de segurança. Ele já conversou com o conselheiro de Segurança Doméstica e Contraterrorismo, John Brennan. Um dos pontos que devem mudar é a inclusão dos nomes de suspeitos de terrorismo nas listas dos que não podem voar para os EUA.
Funcionários do Departamento de Segurança Doméstica se reunirão com representantes dos principais aeroportos internacionais da África, Ásia, Europa, Oriente Médio e América do Sul para revisar procedimentos de segurança para voos rumo aos EUA.
O Senado vai discutir a tentativa de ataque em audiências a partir de 21 de janeiro.


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