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Obama encosta em Hillary; partido tenta mostrar união
Senador tem 41% contra 44% da rival em pesquisa do Gallup às vésperas da Superterça
Após sucessão de ataques mútuos, presidenciáveis democratas trocam risos, cochichos e elogios em debate em Hollywood
SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A HOLLYWOOD
A quatro dias da Superterça,
em que mais de 20 Estados
americanos escolherão os candidatos dos dois partidos majoritários para a corrida presidencial, o senador democrata
Barack Obama encosta na ex-primeira-dama Hillary Clinton
nas pesquisas nacionais de intenção de voto nas primárias.
Na mais recente do Gallup, os
dois estão em empate técnico.
Segundo o levantamento, Hillary ainda lidera, com 44% dos
votos, mas Obama tem a menor
diferença desde que começou
oficialmente a corrida eleitoral,
no dia 3 de janeiro: com 41%,
está três pontos percentuais
atrás. A margem de erro é de
três pontos percentuais para
mais ou menos. Foi um salto de
impressionantes 13 pontos nos
últimos 12 dias, segundo o instituto, que ouviu 1.249 eleitores
democratas registrados ou que
se declararam democratas entre os dias 29 e 31 de janeiro.
O Gallup sugere ainda que a
desistência de John Edwards
beneficiou mais a Obama que
Hillary: desde que o ex-senador
anunciou que não concorreria
mais, no dia 30, o senador por
Illinois ganhou cinco pontos
percentuais, ante dois da rival.
Edwards ainda não declarou
apoio formal a nenhum deles.
Apesar de as pesquisas terem
errado em pelo menos duas
ocasiões nessas eleições, quando previram a vitória folgada de
Obama em New Hampshire
(em que Hillary levou) e não registraram a clara vantagem de
John McCain sobre Mitt Romney na Flórida (a estimativa era
de empate técnico), os números refletem o "momentum",
um registro do estado de espírito atual do público em geral.
Amigos
O movimento fez a equipe de
Hillary repensar sua tática de
ataques sistemáticos liderados
pelo ex-presidente Bill Clinton.
A avaliação dos estrategistas da
senadora era a de que a ação
custava mais pontos entre seu
eleitorado do que ganhava entre o de Obama. Assim, o que se
viu no debate de anteontem em
Hollywood, na Califórnia, foi
quase uma noite entre amigos.
Os dois optaram por poupar
mais um ao outro e centrar o foco das críticas no governo Bush
e nos republicanos. "Acho que o
"Straight Talk Express" perdeu
umas rodas", brincou Obama,
citando o apelido da campanha
de John McCain (Expresso da
Conversa Franca), ao criticar o
recuo do senador quanto à política de impostos de Bush.
"Você sabe, foi preciso um
Clinton para limpar o que fez o
primeiro Bush, e eu acho que
pode ser preciso outro Clinton
para limpar o que fez o segundo
Bush", respondeu Hillary à pergunta de uma eleitora que dizia
que, aos 38 anos de idade, nunca conseguiu votar numa eleição presidencial que não tivesse um Bush ou um Clinton.
Após o debate, nas conversas
com jornalistas, os assessores
de Hillary adotaram todos o
mesmo discurso. "O povo americano pôde presenciar um momento histórico", disse o prefeito de Los Angeles, Antonio
Villaraigosa, apoiador da senadora. Realmente, foi a primeira
vez na história política norte-americana que um negro e uma
mulher com chances reais de
vitória debateram.
Foi ainda a primeira vez que
o palco contou só com os dois,
também, depois da série de desistências no campo democrata. Ainda assim, houve momentos em que eles procuraram se
distanciar, como quando discutiram a Guerra do Iraque ou as
propostas para a saúde pública.
Acabada a noite, porém, o
cessar-fogo foi interrompido.
Ontem, o comando de Hillary
acusou Obama de usar "táticas
republicanas" ao distribuir folhetos críticos à sua proposta
de seguro de saúde para todos.
Com a marca da campanha do
senador, as cartas trazem a foto
de um casal assustado e o título:
"O plano de Hillary obriga todo
o mundo a fazer seguro, mesmo
os que não tiverem dinheiro".
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