São Paulo, sábado, 02 de fevereiro de 2008

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Obama encosta em Hillary; partido tenta mostrar união

Senador tem 41% contra 44% da rival em pesquisa do Gallup às vésperas da Superterça

Após sucessão de ataques mútuos, presidenciáveis democratas trocam risos, cochichos e elogios em debate em Hollywood

SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A HOLLYWOOD

A quatro dias da Superterça, em que mais de 20 Estados americanos escolherão os candidatos dos dois partidos majoritários para a corrida presidencial, o senador democrata Barack Obama encosta na ex-primeira-dama Hillary Clinton nas pesquisas nacionais de intenção de voto nas primárias. Na mais recente do Gallup, os dois estão em empate técnico.
Segundo o levantamento, Hillary ainda lidera, com 44% dos votos, mas Obama tem a menor diferença desde que começou oficialmente a corrida eleitoral, no dia 3 de janeiro: com 41%, está três pontos percentuais atrás. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou menos. Foi um salto de impressionantes 13 pontos nos últimos 12 dias, segundo o instituto, que ouviu 1.249 eleitores democratas registrados ou que se declararam democratas entre os dias 29 e 31 de janeiro.
O Gallup sugere ainda que a desistência de John Edwards beneficiou mais a Obama que Hillary: desde que o ex-senador anunciou que não concorreria mais, no dia 30, o senador por Illinois ganhou cinco pontos percentuais, ante dois da rival. Edwards ainda não declarou apoio formal a nenhum deles.
Apesar de as pesquisas terem errado em pelo menos duas ocasiões nessas eleições, quando previram a vitória folgada de Obama em New Hampshire (em que Hillary levou) e não registraram a clara vantagem de John McCain sobre Mitt Romney na Flórida (a estimativa era de empate técnico), os números refletem o "momentum", um registro do estado de espírito atual do público em geral.

Amigos
O movimento fez a equipe de Hillary repensar sua tática de ataques sistemáticos liderados pelo ex-presidente Bill Clinton. A avaliação dos estrategistas da senadora era a de que a ação custava mais pontos entre seu eleitorado do que ganhava entre o de Obama. Assim, o que se viu no debate de anteontem em Hollywood, na Califórnia, foi quase uma noite entre amigos.
Os dois optaram por poupar mais um ao outro e centrar o foco das críticas no governo Bush e nos republicanos. "Acho que o "Straight Talk Express" perdeu umas rodas", brincou Obama, citando o apelido da campanha de John McCain (Expresso da Conversa Franca), ao criticar o recuo do senador quanto à política de impostos de Bush.
"Você sabe, foi preciso um Clinton para limpar o que fez o primeiro Bush, e eu acho que pode ser preciso outro Clinton para limpar o que fez o segundo Bush", respondeu Hillary à pergunta de uma eleitora que dizia que, aos 38 anos de idade, nunca conseguiu votar numa eleição presidencial que não tivesse um Bush ou um Clinton.
Após o debate, nas conversas com jornalistas, os assessores de Hillary adotaram todos o mesmo discurso. "O povo americano pôde presenciar um momento histórico", disse o prefeito de Los Angeles, Antonio Villaraigosa, apoiador da senadora. Realmente, foi a primeira vez na história política norte-americana que um negro e uma mulher com chances reais de vitória debateram.
Foi ainda a primeira vez que o palco contou só com os dois, também, depois da série de desistências no campo democrata. Ainda assim, houve momentos em que eles procuraram se distanciar, como quando discutiram a Guerra do Iraque ou as propostas para a saúde pública.
Acabada a noite, porém, o cessar-fogo foi interrompido. Ontem, o comando de Hillary acusou Obama de usar "táticas republicanas" ao distribuir folhetos críticos à sua proposta de seguro de saúde para todos. Com a marca da campanha do senador, as cartas trazem a foto de um casal assustado e o título: "O plano de Hillary obriga todo o mundo a fazer seguro, mesmo os que não tiverem dinheiro".


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