São Paulo, sábado, 02 de fevereiro de 2008

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Estrelas de Hollywood lotam platéia para ouvir os "queridinhos" do entretenimento

DO ENVIADO A HOLLYWOOD

Minutos antes de começar a exibição ao vivo do debate de anteontem, o apresentador da CNN Wolf Blitzer respondia a perguntas da platéia sobre o formato do programa. "Vamos começar, alguém mais quer perguntar algo?", disse ele. "Sim, onde está o Anderson Cooper", gritou um gaiato. Ele se referia ao apresentador-celebridade da emissora, filho da socialite Gloria Vanderbilt.
Cooper não estava lá (ele mediou o debate dos republicanos, na última quarta-feira), mas seus pares sim. Hollywood compareceu em peso ao encontro de dois queridinhos da indústria do entretenimento. Em peso e dividida.
"Propriedade" dos Clintons por várias eleições, pela primeira vez em anos a comunidade artística dos EUA encontra outra opção na corrida presidencial -em Barack Obama.
Assim, sentavam-se lado a lado os diretores Steven Spielberg e Quentin Tarantino (tomando notas), os atores Leonardo DiCaprio (com o pai), Diane Keaton e Jason "George Costanza" Alexander, o músico Stevie Wonder, que gritou excitado quando Blitzer levantou a possibilidade de uma chapa Hillary-Obama ou vice-versa, e America Ferrara, a "Ugly Betty" (Betty, a Feia), a única a assumir explicitamente a opção e usar um broche com a foto de Hillary Clinton.
Tudo contribuía para reforçar o clima de "melhor ator" e "melhor atriz". O local era o mesmo de onde são transmitidas as cerimônias do Oscar, o Kodak Theatre, ao lado do histórico Chinese Theatre, aquele em que os artistas gravam as mãos na calçada, em Hollywood. A fila de limusines lembrava as das noites de premiação. Poucos convidados vestiam roupas de noite, mas alguns mais exagerados (e menos conhecidos) foram de smoking.
Mesmo no palco, o clima era uma mistura de "The Oscar goes to..." com o reality show musical "American Idol". Obama e Hillary entraram no palco, depois de anunciados, acenando sob uma chuva de aplauso e gritinhos -o que não aconteceu na platéia dos republicanos, mais sisuda e mais velha. Então, sentaram em bancadas e passaram a ouvir as perguntas. A qualquer momento, parecia que Blitzer ia perguntar não sobre a Guerra do Iraque, mas sobre qual grife eles vestiam.

Clima de confronto
Um aspecto importante, porém, fazia a diferença: o público externo. Se nos dias de prêmio são fãs organizados que gritam elogios e imploram por autógrafos, o de ontem era de confronto entre jovens apoiadores dos dois candidatos e críticos que carregavam faixas e gritavam palavras de ordem contra os dois democratas.
"Democrats lie, people die!" (quando os democratas mentem, as pessoas morrem, em tradução livre) era uma delas.
No final, na sala de encontro dos jornalistas com os políticos, no melhor estilo "Pânico na TV" e "Borat", um imitador de Wolf Blitzer entrevistava os que se dispusessem a falar com ele. Vários caíram. Outros perceberam e entraram no clima, elogiando sua barba grisalha e seu terno claro.
Anteontem, isso era Hollywood. (SD)


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