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Governo consegue R$ 9,2 milhões para o Ano Polar Internacional
Recursos serão somados ao magro orçamento do Programa Antártico do país
CLAUDIO ANGELO
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
O Brasil lançou seu plano de
participação no Ano Polar Internacional, com uma grande
promessa: incorporar ao magro
orçamento do Programa Antártico Brasileiro a verba adicional para as pesquisas que integrarão o evento científico,
lançado ontem simultaneamente no mundo todo.
Para o Ano Polar, que se encerra em 2009, o Ministério da
Ciência e Tecnologia conseguiu
R$ 9,2 milhões dos fundos setoriais só para financiar sete projetos de pesquisa. Outros R$ 10
milhões serão aplicados em logística. Normalmente, o orçamento anual total do programa
antártico, o Proantar, gira em
torno de R$ 10 milhões.
Na cerimônia de ontem o secretário-executivo do MCT,
Luiz Fernandes, disse que o ministério quer "construir um novo patamar" no financiamento
à pesquisa na Antártida após
2008. "Nós obtivemos cerca de
R$ 10 milhões [R$ 9,2 milhões],
mas isso não se esgota na execução desse orçamento".
Fernandes disse, no entanto,
que a verba adicional não deverá sair dos fundos setoriais, por
uma questão de "continuidade
de recursos". O dinheiro "viria
do MCT e das suas agências".
Se o anúncio passar de uma
boa intenção, o Brasil poderá finalmente fazer ciência na Antártida, após 25 anos de um
programa que tem sido mantido vivo por aparelhos.
Criado em 1982 para justificar a inclusão do Brasil no Tratado da Antártida, o clube de
nações que gerencia o continente, o Proantar tem sido durante toda sua história uma colcha de retalhos científica.
Dezenas de pequenos projetos disputam as migalhas de
um orçamento minguado (para
efeito de comparação, a viagem
do astronauta Marcos Cesar
Pontes ao espaço bancaria, hoje, dois anos de operação do
programa, que tem mais de
uma centena de pessoas).
A situação mudou em 2002,
quando o Ministério do Meio
Ambiente injetou R$ 5 milhões
para a montagem de duas redes
de pesquisa, uma delas com o
objetivo de estudar mudanças
climáticas na Antártida -o
mesmo objetivo das pesquisas
do Ano Polar. O dinheiro se esgotou no ano passado.
O Ano Polar Internacional
vem num momento em que as
mudanças climáticas induzidas
pelo aquecimento global entraram na ordem do dia. Para a
América do Sul, o continente
branco é fundamental: dali
saem as massas de ar frio que
regulam o tempo por aqui e as
correntes marítimas frias que
tornam piscosos o Rio Grande
do Sul e a Argentina.
Nunca antes neste país
Os cientistas estão animados.
"Nunca houve tanto dinheiro
para o Proantar", disse à Folha
o glaciologista Jefferson Simões, da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul.
Ele e seus colegas conseguiram dinheiro para o projeto
mais caro -e mais ambicioso-
do programa nacional: a obtenção de testemunhos de gelo no
interior da península Antártica, perto do local onde a famosa
plataforma glacial Larsen-B se
rompeu em 2002. As atividades do Proantar têm ficado restritas às ilhas da península.
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