São Paulo, sexta-feira, 02 de março de 2007

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Governo consegue R$ 9,2 milhões para o Ano Polar Internacional Recursos serão somados ao magro orçamento do Programa Antártico do país

CLAUDIO ANGELO
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O Brasil lançou seu plano de participação no Ano Polar Internacional, com uma grande promessa: incorporar ao magro orçamento do Programa Antártico Brasileiro a verba adicional para as pesquisas que integrarão o evento científico, lançado ontem simultaneamente no mundo todo.
Para o Ano Polar, que se encerra em 2009, o Ministério da Ciência e Tecnologia conseguiu R$ 9,2 milhões dos fundos setoriais só para financiar sete projetos de pesquisa. Outros R$ 10 milhões serão aplicados em logística. Normalmente, o orçamento anual total do programa antártico, o Proantar, gira em torno de R$ 10 milhões.
Na cerimônia de ontem o secretário-executivo do MCT, Luiz Fernandes, disse que o ministério quer "construir um novo patamar" no financiamento à pesquisa na Antártida após 2008. "Nós obtivemos cerca de R$ 10 milhões [R$ 9,2 milhões], mas isso não se esgota na execução desse orçamento".
Fernandes disse, no entanto, que a verba adicional não deverá sair dos fundos setoriais, por uma questão de "continuidade de recursos". O dinheiro "viria do MCT e das suas agências".
Se o anúncio passar de uma boa intenção, o Brasil poderá finalmente fazer ciência na Antártida, após 25 anos de um programa que tem sido mantido vivo por aparelhos.
Criado em 1982 para justificar a inclusão do Brasil no Tratado da Antártida, o clube de nações que gerencia o continente, o Proantar tem sido durante toda sua história uma colcha de retalhos científica.
Dezenas de pequenos projetos disputam as migalhas de um orçamento minguado (para efeito de comparação, a viagem do astronauta Marcos Cesar Pontes ao espaço bancaria, hoje, dois anos de operação do programa, que tem mais de uma centena de pessoas).
A situação mudou em 2002, quando o Ministério do Meio Ambiente injetou R$ 5 milhões para a montagem de duas redes de pesquisa, uma delas com o objetivo de estudar mudanças climáticas na Antártida -o mesmo objetivo das pesquisas do Ano Polar. O dinheiro se esgotou no ano passado.
O Ano Polar Internacional vem num momento em que as mudanças climáticas induzidas pelo aquecimento global entraram na ordem do dia. Para a América do Sul, o continente branco é fundamental: dali saem as massas de ar frio que regulam o tempo por aqui e as correntes marítimas frias que tornam piscosos o Rio Grande do Sul e a Argentina.

Nunca antes neste país
Os cientistas estão animados. "Nunca houve tanto dinheiro para o Proantar", disse à Folha o glaciologista Jefferson Simões, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Ele e seus colegas conseguiram dinheiro para o projeto mais caro -e mais ambicioso- do programa nacional: a obtenção de testemunhos de gelo no interior da península Antártica, perto do local onde a famosa plataforma glacial Larsen-B se rompeu em 2002. As atividades do Proantar têm ficado restritas às ilhas da península.


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