São Paulo, segunda-feira, 02 de março de 2009

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Gates defende plano de saída do Iraque

Secretário da Defesa alega que tropa de transição de 50 mil, número criticado por democratas, é garantia de segurança

Indagado se saída definitiva representará a vitória dos EUA no confronto, Gates disse que julgamento vai competir aos historiadores

DA REDAÇÃO

Único remanescente do primeiro escalão de George W. Bush no governo Obama e primeiro secretário da Defesa a manter o posto com mudança de partido na Casa Branca na história dos EUA, Robert Gates, defendeu ontem o plano de retirada do Iraque proposto pelo novo governo.
Na última sexta-feira, quando Obama anunciou o cronograma de saída das tropas do Iraque, ele foi alvo de críticas de seu colegas no Partido Democrata, pelo fato de prever entre 35 mil e 50 mil militares no país após 31 de agosto de 2010. O prazo final para a saída completa do Exército americano do Iraque é o último dia de 2011. O contingente americano hoje em serviço lá é de 142 mil.
Indagado ontem no programa "Meet the Press", da NBC, sobre como o governo chegou ao número de até 50 mil, Gates explicou que foi após diálogo de membros da cúpula militar com o chefe do Estado-Maior Conjunto, Mike Mullen, comandantes no terreno e Obama. "Ter uma força residual ou de transição um pouco maior reduz o risco causado pela retirada mais rápida das tropas de combate", comentou Gates.
Ele enfatizou que, a partir de setembro de 2010, a natureza da empreitada militar no Iraque mudará de missões de combate para missões de manutenção de paz, tais como "treinamento, assistência e aconselhamento com limitado aspecto de contraterrorismo". E destacou que o contingente de transição não será referido mais como "tropas de combates", mas como "brigadas de conselho e assistência".
Gates reconheceu que o progresso político do Iraque, após a instabilidade instaurada depois da invasão americana que depôs Saddam Hussein em 2003, não foi acompanhado no mesmo ritmo pela evolução da segurança. "O aspecto militar é um trabalho em curso."
Indagado se a saída definitiva dos americanos do Iraque representará a vitória dos EUA no confronto, Gates foi evasivo. Disse que é um julgamento que competirá aos historiadores.
Já ao ser questionado acerca das diferenças no trabalho com os dois presidentes, começou falando que é temática para um bom livro, mas depois comparou Bush e Obama.
"Provavelmente Obama é de alguma forma mais analítico. Ele se certifica de ouvir todos na sala sobre uma questão. Se não há manifestação de todos, ele insta os silenciosos a falarem. O presidente Bush tinha interesse em ouvir pontos de vistas distintos, mas não insistia em dar voz aos que ficassem quietos."

Irã
Gates acabou em contradição com o chefe do Estado-Maior Conjunto ontem ao tratarem da capacidade de o Irã produzir uma bomba nuclear.
O secretário da Defesa avaliou que os iranianos "não estão próximos de ter uma arma neste ponto, e ainda há algum tempo" para esforços diplomáticos.
Já Mullen declarou em outra entrevista que o Irã já dispõe de material físsil suficiente para produzir uma arma nuclear. "Pensamos, bastante francamente, que eles têm. E, segundo acredito há um bom tempo, o Irã possuir uma arma nuclear é um cenário muito ruim para a região e para o mundo."


Com agências internacionais e o "New York Times"


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