São Paulo, segunda-feira, 02 de março de 2009

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EUA reprovam antecipação de eleição afegã

Oposição acusa Karzai de explorar a Constituição e diz que Presidência deve ficar 3 meses com interino

DA REDAÇÃO

A decisão de Hamid Karzai, de antecipar a eleição que definirá seu sucessor na Presidência afegã gerou reprovação de opositores e dos EUA e apreensão na comissão eleitoral.
"A votação em agosto, como havia sido proposto pela comissão eleitoral, é o melhor caminho para garantir que cada cidadão afegão possa expressar sua preferência política em um ambiente seguro", expressou a Embaixada americana em Cabul em nota oficial.
Sem detalhar o que foi dito, o gabinete de Karzai relatou que ele recebeu um telefonema da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, após a edição do decreto, anteontem.
O presidente afegão, que enfrenta queda de popularidade e tem sido alvo de críticas dos americanos, determinou que a comissão eleitoral cumpra o prazo constitucional, marcando o pleito entre 30 e 60 dias antes do fim do mandato vigente, que termina em 21 de maio. Segundo seu porta-voz, o decreto foi emitido após várias consultas à Suprema Corte.
Alegando motivos de segurança, a comissão resolvera em janeiro abrir exceção ao prazo e designou a votação para agosto -mês em que está previsto o desembarque do reforço de 17 mil militares que os EUA mandarão ao Afeganistão.
Ontem, Zekria Barakzai, dirigente da comissão, reafirmou a posição do órgão, ressalvando, porém que a entidade ainda espera receber oficialmente o decreto para se manifestar.
Os opositores foram menos comedidos. "É possível que Karzai tenha tentado pegar seus oponentes cochilando para apunhalá-los nas costas", declarou o parlamentar Ramazan Bashardost, um dos pré-candidatos a presidente. Hafiz Mansur, líder de um dos principais partidos de oposição, acusou Karzai de explorar a Constituição para "criar caos, desordem e promover eleições injustas".
Ashraf Ghani Ahmadzai, outro pré-candidato, disse que o atual mandatário tentou surpreender seus adversários, que se articulavam para a votação apenas em agosto. Contudo, a decisão de antecipar o pleito para abril tem também um viés legal, para evitar três meses de vacância na Presidência entre o fim do atual mandato e as eleições de agosto.
Alguns parlamentares já afirmaram que não reconhecerão Karzai no cargo a partir de 22 de maio e pedem que o posto tenha um ocupante interino. Mas o presidente pode declarar estado de emergência e prolongar seu mandato ou convocar o Loya Jirga (assembleia extraordinária de líderes afegãos) para negociar a solução. As duas alternativas demandam apoio parlamentar e negociação com a oposição.


Com agências internacionais


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