São Paulo, quarta-feira, 02 de março de 2011

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Produção líbia de petróleo e gás dá primeiros sinais de retomada

DO ENVIADO A RAS LANUF

Após duas semanas de instabilidade no setor mais importante da economia do país, surgem indícios de normalização na produção de petróleo e gás da Líbia.
Nas proximidades da cidade de Al Brayqah, uma das muitas instalações petrolíferas do golfo de Sirte está sob o controle de rebeldes armados. Mas uma peculiar cumplicidade com os funcionários do local permite que a produção seja retomada.
Segundo o chefe da instalação, Ahmed Jerksi, só ontem as operações começavam a se normalizar. O grande problema, disse ele, foi a debandada de funcionários.
Em poucos dias, disse, metade dos cerca de 6.000 funcionários da refinaria debandaram, assustados com os conflitos. "Não houve casos de sabotagem, mas os funcionários se assustaram e a produção caiu significativamente", disse Jerksi à Folha.
Temendo influenciar negativamente um mercado extremamente sensível a más notícias, ele não quis especificar de quanto foi a queda.
Mas afirmou que em breve deve ser retomada a produção normal de 100 mil barris de petróleo diários.
Mohamed Sakher, chefe de segurança da instalação há 35 anos, diz que os insurgentes não causaram nenhum dano à instalação, em contraste com os danos causados a delegacias de polícia e bases militares da região.
Na entrada da refinaria, dois homens armados fazem a segurança, e é impossível perceber que um é soldado, desertor de Gaddafi, e o outro é rebelde. Eles vestem a mesma farda cáqui camuflada.
"Somos um só povo e ficaremos unidos até a morte de Gaddafi", diz o soldado, Mohamed Adam, 35. Dentro da refinaria, também é possível encontrar sinais de solidariedade com os rebeldes entre os técnicos responsáveis pela retomada das operações.
Majdi Kelany chama a reportagem para um recado.
"Pode escrever que este petróleo não é do Gaddafi, mas de toda a humanidade", diz ele. "Mas não aceitaremos intervenção externa, como no Iraque. Quem libertará a Líbia serão os líbios."


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