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Chávez se beneficia de instabilidade líbia
Escalada nos preços do petróleo alivia problemas de caixa da estatal venezuelana
FLÁVIA MARREIRO
EM SÃO PAULO
O governo de Hugo Chávez, na Venezuela, estará entre os mais beneficiados pela
crise no mundo árabe e os
apuros do seu aliado Muammar Gaddafi, que levaram
ontem à maior alta do petróleo em dois anos e meio.
A exportação de petróleo é
responsável por US$ 9 de cada US$ 10 que ingressam na
economia da Venezuela.
A escalada dos preços deve aliviar, ao menos momentaneamente, as necessidades
de caixa da estatal PDVSA e
do governo num estratégico
ano pré-eleitoral -há presidenciais em 2012.
No mercado de Londres, o
barril tipo Brent foi negociado a US$ 115,42 ontem. Em
Nova York (Nymex), a cotação da commodity atingiu
US$ 99,63.
O valor ronda os US$ 100
que o ministro da Energia e
presidente da PDVSA, Rafael
Ramírez, sempre diz que é o
"justo" para o combustível.
O repique é um atenuante
para as amargas notícias do
setor petroleiro venezuelano
e um alento para a tímida recuperação da economia.
Ontem, a agência de notícias Reuters revelou a cifra
oficial da produção média de
petróleo no país em 2010:
2,78 milhões de barris/dia, a
mais baixa desde a greve entre 2002 e 2003.
Além de repasses cada vez
maiores ao fisco, a PDVSA financia e coordena diretamente programas sociais da
gestão Chávez -de alimentos a habitação e saúde.
O acúmulo de funções,
questões de manutenção e a
falta de investimento na extração -aliada ao envelhecimento dos campos- explica
a queda de produção, segundo os especialistas.
"A alta é um alívio, mas
não terá o mesmo efeito que
de 2006, 2007 e 2008. Será insuficiente para compensar os
problemas da PDVSA", diz o
economista Orlando Ochoa,
professor da Universidade
Católica Andrés Bello.
Há quatro anos, enquanto
o petróleo vivia boom, a economia venezuelana crescia a
taxas chinesas.
A trajetória foi interrompida em 2009 e 2010, anos de
retração consecutiva do PIB e
de inflação rondando os
30%. A economia voltou a
crescer no último trimestre,
com alta de 0,6%.
Ochoa aponta que em 2010
o petróleo já havia registrado
alta de 27% -recuperação
pós-crise- e a performance
da estatal não acompanhou.
A PDVSA, que lançou títulos no mercado durante 2010
e já neste ano, tem nível de
endividamento menor que os
da mexicana Pemex ou da
Petrobras, as outras grandes
da América Latina.
Acumula, porém, dívidas
com fornecedores e com antigos proprietários de prestadoras de serviço nacionalizadas nos últimos dois anos.
A estatal também não poderá aproveitar o boom completamente porque paga à
China um empréstimo de
US$ 12 bilhões com o envio
de barris de petróleo diários.
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