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Israel recua de plano para Estado palestino
Chanceler recém-empossado rompe com acordo mediado pelos EUA em 2007 e diz que concessões "causariam mais guerra"
Declarações de Liberman contrariam projeto de paz da Casa Branca; Autoridade Nacional Palestina se diz ameaçada de dissolução
DA REDAÇÃO
Em seu primeiro discurso como chanceler, o ultranacionalista Avigdor Liberman disse
ontem que o novo governo israelense rejeita as atuais negociações de paz com os palestinos, norteadas pela solução de
dois Estados para dois povos.
Ele alegou que concessões provocariam mais conflitos.
As declarações de Liberman
reforçam a previsão de que o
governo do premiê direitista
Binyamin Netanyahu, empossado anteontem, entrará em
rota de colisão com os EUA, o
maior aliado de Israel.
A Casa Branca vem pilotando
desde a Conferência de Annapolis (EUA), em 2007, a retomada das conversas entre israelenses e palestinos. O texto
final do encontro estipulou
condições para cada lado e o
objetivo principal de criar um
Estado palestino independente
em Gaza e na Cisjordânia.
Durante a campanha, Netanyahu defendera a criação de zonas econômicas palestinas em
vez de um Estado nacional.
Mas, para viabilizar a coalizão governista, prometeu ao
Partido Trabalhista (centro-esquerda) respeitar os acordos de
paz anteriormente firmados.
"Aqueles que pensam conseguir respeito e paz por meio de
concessões estão errados. É o
contrário: [concessões] só causarão mais guerra", disse o novo chanceler. Líder do Israel
Beitenu, terceiro maior partido
no Parlamento, ele afirmou que
não tem obrigação de seguir a
Declaração de Annapolis.
"[O texto] não foi ratificado
no Parlamento israelense e,
portanto, não tem validade",
disse Liberman. Ele afirmou
que o único acordo respeitado
pelo novo governo é o Mapa do
Caminho, assinado em 2003
entre Israel e a Autoridade Nacional Palestina (ANP).
Diferenças
Ao contrário da Declaração
de Annapolis, o Mapa do Caminho, patrocinado pela Casa
Branca de George W. Bush durante a Segunda Intifada (revolta) palestina nos territórios
ocupados, não falava em objetivos finais para as negociações.
Ele enfatizava a exigência de
que a ANP reprimisse os militantes radicais.
Quatro anos depois, em derradeira tentativa de retomar a
questão dos dois Estados, paralisada durante a maior parte do
seu mandato, Bush promoveu o
encontro em Annapolis.
O discurso de Liberman levou o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, a ameaçar romper o diálogo com Israel. "O mundo precisa saber que [o
premiê Netanyahu] não acredita na paz e, portanto, não podemos tratar com ele", disse.
Um assessor de Abbas disse
ao "Financial Times" que a posição de Israel pode levar à dissolução da ANP, criada pelos
Acordos de Oslo, em 1993, como governo embrionário do futuro Estado palestino. "Se não
puder cumprir a promessa de
um Estado independente, a
ANP deverá seguir outro caminho", afirmou Rafik Husseini.
A Casa Branca usou um tom
conciliador, mas deixou clara a
sua posição: "Trabalharemos
com [Israel] para chegar a uma
solução de dois Estados".
Com agências internacionais
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