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entrevista
"Novo governo deve retomar ação em Gaza"
SAMY ADGHIRNI
DA REPORTAGEM LOCAL
Binyamin Netanyahu precisa agir para evitar que o
Hamas se rearme e reforce
seu controle sobre a faixa de
Gaza, disse à Folha, por telefone, o analista Ely Karmon,
do Instituto Internacional
de Contraterrorismo e ligado à comunidade de inteligência israelense. Os principais trechos da entrevista:
FOLHA - O governo Netanyahu
será mais linha-dura que o anterior em questões militares?
ELY KARMON - A princípio,
sim. Mas Ehud Olmert tomou várias iniciativas agressivas, como a guerra do Líbano [2006] e a ofensiva em
Gaza, que não teve desfecho.
O novo governo deve fechar com urgência a fronteira com o Egito, pois o contrabando de armas continua,
ajudando o Hamas a controlar a população. O grupo anda tão confiante que vem
convidando TVs a filmarem
a reconstrução dos túneis.
A equação envolve ainda a
relação do Hamas com [o rival secular] Fatah e as negociações com o Egito, que
ocorrem em vários planos.
Mas se Gilad Shalit [militar
refém em Gaza desde 2006]
não for solto e se houver
mais disparos de foguetes
[contra Israel], o novo governo atacará com mais firmeza.
Mas o Hamas já está sob
pressão, pois seu objetivo
maior, controlar a reconstrução de Gaza, está longe de
ser alcançado, graças ao bloqueio de Israel ao território.
Já o Irã é um problema
mais grave. Vamos ver se a
nova estratégia de Barack
Obama surtirá efeito. Acho
que em até oito meses ele
concluirá que Teerã não está
disposta a abrir mão da opção nuclear. Israel entende
que, até o fim do ano, o Irã
poderá ter material para
criar uma bomba. Mas tudo
depende dos EUA.
FOLHA - A que ponto Israel depende militarmente dos EUA?
KARMON - Se houver mais
disparos de foguetes de Gaza
contra Israel, o governo tomará as medidas cabíveis
sem consultar quem quer
que seja. Há uma enorme
pressão popular. Moradores
do sul passaram um mês sob
constantes disparos de mísseis e temem que tudo recomece. Aquilo foi inaceitável.
A questão do Irã é diferente. Do ponto de vista operacional, Israel é capaz e independente. O problema é que
os EUA têm tropas em muitos países em volta do Irã
-Arábia Saudita, Qatar, Iraque. Não acho possível uma
ação militar sem coordenar
com os EUA. Há divergências de timing, mas não os
descompassos que alguns citam. Os assessores próximos
de Obama são da turma de
Bill Clinton [1992-2000]. Sabem que os interesses de
EUA e Israel andam juntos.
FOLHA - Qual o significado do
recente ataque de Israel a um
comboio no deserto do Sudão?
KARMON - O objetivo era impedir a entrada em Gaza de
mísseis que colocariam Tel
Aviv sob alcance do Hamas e
dizer ao Irã: "Cuidado, nosso
braço é longo e preciso".
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