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Recuo sobre Irã reaproxima China dos EUA
Embora não confirme oficialmente que aceitou discutir sanções, Pequim recebe elogios de Washington e de Paris por decisão
Ontem, negociador iraniano esteve na China para tentar convencer país a resistir a pressões; líder chinês irá a cúpula nuclear nos EUA
DA REDAÇÃO
Apesar de ter a sua mudança
de posição elogiada ontem pelos EUA e pela França, a China
manteve no ar as dúvidas sobre
se apoiará ou não uma resolução do governo americano no
Conselho de Segurança da
ONU para impor novas sanções
ao Irã. A indefinição sinaliza
que Pequim ainda está avaliando que impacto sua posição sobre o programa nuclear iraniano poderá ter num contexto de
apaziguamento das recentes
tensões com os EUA.
Ontem, um porta-voz da Casa Branca disse que a China deu
"um passo muito importante"
ao aceitar, na véspera, participar de discussões com as outras
quatro potências nucleares do
Conselho de Segurança e com a
Alemanha sobre uma nova rodada de sanções ao Irã. "A China reconheceu que, embora seja parte do esforço diplomático
falar com o Irã, é fato que chegamos a um ponto no qual precisamos avaliar passos muito
específicos que aumentem a
pressão sobre o governo iraniano", disse Bill Burton.
Por sua vez, o chanceler francês, Bernard Kouchner, qualificou de "boa surpresa" a decisão
chinesa, confirmando o entendimento americano de que Pequim aceitou debater sanções a
Teerã pelo seu programa nuclear, cuja finalidade desperta
suspeitas -o Ocidente teme
que o Irã busque a bomba, o que
o país nega.
Apesar dos elogios ocidentais, um porta-voz do governo
chinês deu resposta evasiva ontem quando questionado sobre
a mudança de posição de Pequim. "Reforçaremos as conversas com [todas as partes] para que a questão seja resolvida
de maneira justa por meios diplomáticos", disse o representante, no mesmo dia em que o
principal negociador nuclear
iraniano, Said Jalili, visitava
Pequim para convencer a China a não ceder às pressões.
Jalili ouviu de seus interlocutores que o governo chinês "dá
grande importância à relação
com o Irã", mas não obteve a
promessa de que Pequim usará
seu direito de veto no CS para
barrar novas sanções a Teerã.
Embora não tenha oficializado a mudança de posição, a China confirmou ontem que o presidente Hu Jintao irá a Washington para participar de uma
cúpula sobre segurança nuclear nos próximos dias 12 e 13
de abril - Luiz Inácio Lula da
Silva também estará no evento.
A participação de Hu pode sinalizar uma aproximação das
visões sobre o caso iraniano,
um dos temas da cúpula. Mesmo apoiando as sanções, porém, a China deve trabalhar para que elas sejam brandas e não
afetem os interesses chineses
no Irã. A China se tornou em
2009 o maior parceiro econômico do país persa, que fornece
ao menos 11% das importações
de petróleo de Pequim.
O apoio incondicional a Teerã, porém, vinha se somando a
outros focos de atrito entre a
China e os EUA, o principal
destino das exportações chinesas. A balança comercial bilateral, atualmente em US$ 298 billhões, é amplamente favorável
à China. Mas o Tesouro americano está prestes a publicar um
relatório formalizando acusações de que Pequim desvaloriza
propositalmente a sua moeda,
o yuan, para facilitar a entrada
de produtos chineses nos EUA
-atualmente prevista para o
dia 15, a divulgação pode ser
atrasada com a ida de Hu à cúpula em Washington.
A China também ficou enfurecida com a recente venda de
US$ 64 bilhões de armas americanas a Taiwan, que Pequim
considera uma "Província rebelde". Os chineses também
não engoliram o fato de Barack
Obama, ter recebido o dalai-lama, líder religioso que a China
acusa de promover o separatismo do Tibete. Outro foco de
conflito bilateral é o cerceamento chinês às atividades do
Google no país.
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