São Paulo, terça-feira, 02 de maio de 2006

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ÁSIA

Supostos terroristas muçulmanos assassinam moradores de vilarejos às vésperas de reunião dos separatistas com o governo indiano

Massacres na Caxemira deixam 35 mortos

DA REDAÇÃO

Pelo menos 35 hindus foram assassinatos supostamente por terroristas muçulmanos na região indiana da Caxemira, informou a polícia ontem. O massacre aconteceu às vésperas de uma reunião agendada entre o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, e líderes separatistas.
No distrito indiano de Doda, homens armados, vestidos com trajes militares, entraram em vilarejos e tiraram moradores de suas casas, matando 22 deles a tiros. Isoladamente, esse foi o ataque mais sangrento lançado aparentemente por rebeldes desde que Índia e Paquistão deram início ao processo de paz, há dois anos.
Num outro episódio, 13 pastores foram encontrados mortos, após terem sido seqüestrados no fim de semana no distrito de Udhampur. Quatro corpos foram localizados no domingo, e nove, ontem. Nenhum grupo separatista da Caxemira assumiu os ataques. O maior deles, o Hezb-ul-Mujahedeen, acusou a inteligência do governo indiano pelas mortes, numa suposta tentativa de incriminar os insurgentes.
Há quase 60 anos, a região da Caxemira - que se estende entre os territórios da Índia e do Paquistão, no Himalaia - é disputada pelos dois países, ambos detentores de bombas atômicas. Em 1989, uma revolta islâmica provocou a explosão de movimentos separatistas na região, que passaram a lutar pela independência ou pela união total ao Paquistão. Em comum, todos são contrários à administração da Índia em parte do território.
Milhares de hindus que há séculos habitam a Caxemira- conhecidos como pandits- já foram obrigados a fugir dos insurgentes islâmicos. Estima-se que 2.000 pandits tenham sido mortos até agora, segundo a agência Associated Press. Dos 250 mil que viviam na Caxemira antes da insurgência, hoje restam 25 mil.
Ontem, testemunhas disseram que os assassinos atacaram os vilarejos à noite. "Era tarde quando bateram em casa", contou Rakesh Kumar, um dos sobreviventes. "Falei para o meu irmão não abrir a porta, mas ele não me ouviu e foi levado para um ponto onde foi baleado." Kumar disse que alguns dos homens armados estavam vestidos como militares. Outros usavam trajes comuns. Moradores foram retirados de suas casas.
"Quando nos reunimos em frente à casa do chefe da vila, eles descarregaram as armas na gente", afirmou Gyan Chand, de Thava, que ficou apenas ferido.
A Índia costuma acusar o Paquistão de apoiar os militantes da Caxemira, mas desta vez o premiê indiano não atribuiu os ataques a Islamabad. Ontem, Singh reagiu aos assassinatos dizendo que "as pessoas da Índia e do Paquistão já rejeitaram e recusaram os terroristas diversas vezes".
O premiê não deu mostras de que o encontro marcado para amanhã com os separatistas seria cancelado. A porta-voz da Chancelaria paquistanesa, Tasnim Aslam, classificou os assassinatos como "um ato de terrorismo". Foi também esse o tom usado pelo líder de um dos grupos separatistas, a Conferência Hurriyat (que abriga partidos separatistas operando na legalidade), que tem encontro com Singh na quarta. Mirwaiz Farooq descreveu os ataques como "um ato deplorável e atroz". "Espero que possamos encontrar uma saída para essas mortes sem razão."


Com agências internacionais


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