|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ÁSIA
Supostos terroristas muçulmanos assassinam moradores de vilarejos às vésperas de reunião dos separatistas com o governo indiano
Massacres na Caxemira deixam 35 mortos
DA REDAÇÃO
Pelo menos 35 hindus foram assassinatos supostamente por terroristas muçulmanos na região
indiana da Caxemira, informou a
polícia ontem. O massacre aconteceu às vésperas de uma reunião
agendada entre o primeiro-ministro da Índia, Manmohan
Singh, e líderes separatistas.
No distrito indiano de Doda,
homens armados, vestidos com
trajes militares, entraram em vilarejos e tiraram moradores de suas
casas, matando 22 deles a tiros.
Isoladamente, esse foi o ataque
mais sangrento lançado aparentemente por rebeldes desde que Índia e Paquistão deram início ao
processo de paz, há dois anos.
Num outro episódio, 13 pastores foram encontrados mortos,
após terem sido seqüestrados no
fim de semana no distrito de
Udhampur. Quatro corpos foram
localizados no domingo, e nove,
ontem. Nenhum grupo separatista da Caxemira assumiu os ataques. O maior deles, o Hezb-ul-Mujahedeen, acusou a inteligência do governo indiano pelas
mortes, numa suposta tentativa
de incriminar os insurgentes.
Há quase 60 anos, a região da
Caxemira - que se estende entre
os territórios da Índia e do Paquistão, no Himalaia - é disputada pelos dois países, ambos detentores de bombas atômicas. Em
1989, uma revolta islâmica provocou a explosão de movimentos separatistas na região, que passaram a lutar pela independência ou
pela união total ao Paquistão. Em
comum, todos são contrários à
administração da Índia em parte
do território.
Milhares de hindus que há séculos habitam a Caxemira- conhecidos como pandits- já foram
obrigados a fugir dos insurgentes
islâmicos. Estima-se que 2.000
pandits tenham sido mortos até
agora, segundo a agência Associated Press. Dos 250 mil que viviam
na Caxemira antes da insurgência, hoje restam 25 mil.
Ontem, testemunhas disseram
que os assassinos atacaram os vilarejos à noite. "Era tarde quando
bateram em casa", contou Rakesh
Kumar, um dos sobreviventes.
"Falei para o meu irmão não abrir
a porta, mas ele não me ouviu e foi
levado para um ponto onde foi
baleado." Kumar disse que alguns
dos homens armados estavam
vestidos como militares. Outros
usavam trajes comuns. Moradores foram retirados de suas casas.
"Quando nos reunimos em
frente à casa do chefe da vila, eles
descarregaram as armas na gente", afirmou Gyan Chand, de Thava, que ficou apenas ferido.
A Índia costuma acusar o Paquistão de apoiar os militantes da
Caxemira, mas desta vez o premiê
indiano não atribuiu os ataques a
Islamabad. Ontem, Singh reagiu
aos assassinatos dizendo que "as
pessoas da Índia e do Paquistão já
rejeitaram e recusaram os terroristas diversas vezes".
O premiê não deu mostras de
que o encontro marcado para
amanhã com os separatistas seria
cancelado. A porta-voz da Chancelaria paquistanesa, Tasnim Aslam, classificou os assassinatos
como "um ato de terrorismo". Foi
também esse o tom usado pelo líder de um dos grupos separatistas, a Conferência Hurriyat (que
abriga partidos separatistas operando na legalidade), que tem encontro com Singh na quarta. Mirwaiz Farooq descreveu os ataques
como "um ato deplorável e
atroz". "Espero que possamos encontrar uma saída para essas
mortes sem razão."
Com agências internacionais
Texto Anterior: Única saída é liberar fronteira, diz economista Próximo Texto: Iraque sob tutela: Só 9% crêem que missão dos EUA no Iraque tenha sido cumprida Índice
|