São Paulo, sexta-feira, 02 de maio de 2008

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EUA matam chefe terrorista somali

Ataque lançado de navio atinge casa de Aden Hashi Ayro, que, segundo americanos, era ligado à Al Qaeda

Operação atingiu cidade de Dhusamareb, onde Ayro foi rejeitado pelo clã e depois denunciado; ele no passado matou um jornalista da BBC

DO "NEW YORK TIMES"

Aden Hashi Ayro, considerado pelos EUA um dos principais terroristas do Leste Africano, foi morto ontem de madrugada, em ataque com mísseis lançados de um navio americano no Oceano Índico contra a cidade somali de Dhusamareb.
De baixa estatura, ex-lavador de automóveis, Ayro era o comandante militar da Shabab, milícia islâmica que os EUA classificam como um grupo terrorista ligado à Al Qaeda. Ele foi responsável pela profanação de um cemitério italiano e pela morte de um jornalista da BBC.
O Pentágono confirmou ter efetuado um ataque "a um conhecido alvo da Al Qaeda na região central da Somália", na cidade de Dhusamareb, mas não deu detalhes. Outros informantes militares disseram, porém, que quatro mísseis Tomahawk foram lançados de uma embarcação que estava no litoral do país africano, atingindo a casa térrea em que estava Ayro.

Informantes locais
A pista do terrorista estava sendo seguida há semanas, com a intercepção de telefonemas, fotos de satélite e informações fornecidas pela população local. Entidades de direitos humanos acusaram os EUA de terem matado civis ao lançarem mísseis no interior da Somália.
Testemunhas em Dhusamareb disseram ter sido acordadas às 3h, hora local, por explosões que, segundo informantes da Shabab, também mataram um dos irmãos de Ayro e chefes do grupo que o acompanhavam. Outros informantes dizem que o total de mortos pode chegar a 30. Um porta-voz da Shabab confirmou o ataque e o atribuiu a "mísseis de países infiéis".
Dhusamareb, com 100 mil habitantes, é sede do clã Ayr, ao qual o terrorista pertencia. Ele foi um comandante militar da União dos Tribunais Islâmicos, que por um curto período, até dezembro de 2006, governou o país. O grupo foi desalojado do poder por forças terrestres etíopes, que invadiram o território somali com auxílio e aval americanos.
Washington disse ter agido com a concordância do governo somali. Ayro era acusado de ter dado abrigo a extremistas, entre eles o responsável pelo atentado em 1998 contra as embaixadas americanas no Quênia e na Tanzânia.
Segundo os serviços de inteligência americanos, Ayro integrava milícias que tentaram se apoderar da capital, Mogadício, quando o governo somali entrou em colapso, no início dos anos 90. Ele se aproximou do líder islâmico Hassan Dahir Aweys, combateu no Afeganistão em 2001 contra os EUA e, de volta à Somália, treinou combatentes e formou especialistas em explosivos.
Há semanas Ayro chegou a Dhusamareb para transformar a cidade numa base de operações, mas foi rejeitado por outros integrantes de seu clã, que possivelmente forneceram aos americanos as informações sobre como localizá-lo.
Mohammed Uluso, líder do clã, acredita que a Shabab ("juventude", em árabe) permanecerá ativo, porque os jovens acreditam que o grupo combate por "uma causa heróica".


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