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Poder de vírus é limitado, diz centro dos EUA
Segundo Centro de Controle e Prevenção de Doenças, análise mostra que agente da nova gripe não tem ainda poder letal de vírus de 1918
Especialistas com acesso ao código genético do A(H1N1) veem taxa de transmissão igual à da gripe comum, mas frisam sua imprevisibilidade
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
Apesar de ter se espalhado
por 13 países e chegado a 367
casos confirmados, o vírus da
gripe A(H1N1), que vinha sendo
chamada de gripe suína, não
possui em sua forma corrente o
poder letal do vírus da pandemia de 1918 que dizimou 20 milhões de pessoas, afirma o Centro de Controle e Prevenção de
Doenças dos EUA (CDC).
"Não encontramos, a partir
do estudo cuidadoso das sequências [genéticas] deste novo H1N1, as características da
virulência que vemos no vírus
de 1918", afirmou em entrevista
coletiva Nancy Cox, diretora do
setor de influenza (gripe) do
CDC. Mas ela ressalva: "Há
muito que não entendemos
ainda sobre o vírus de 1918 e
outros de influenza com quadro clínico grave em humanos".
Segundo Cox, o vírus atual é
de letalidade mais fraca também do que o da gripe aviária,
H5N1, que deixou 257 mortos
desde 2003.
O presidente dos EUA, Barack Obama, observou ainda
ontem que o surto atual de gripe suína por enquanto não parece ser pior do que o da gripe
sazonal comum, que leva
anualmente a 200 mil internações e 36 mil mortes no país.
"Pode acontecer que este
H1N1 siga seu curso como gripes comuns, e neste caso (...)
não precisaremos de todas as
preparações que estão sendo
feitas", disse Obama. "Mas estamos levando a situação a sério. Mesmo se o surto se revelar
fraco agora, poderá voltar mais
perigoso na próxima estação de
gripe", com a aproximação do
inverno, a partir de meados do
segundo semestre nos EUA.
Havia até ontem 141 casos da
nova gripe confirmados nos
EUA, com uma morte. A maioria dos casos foi leve, com apenas cinco internações. Mesmo
no México, onde a situação parece ser mais grave (com 16
mortes), o CDC indicou que o
surto é majoritariamente leve
-a questão é que só os pacientes mais complicados foram relatados por enquanto.
Ainda assim permanece alto
o temor de que uma mutação
torne a gripe mais letal, pois vírus de influenza são notoriamente imprevisíveis. Na epidemia de 1918, foi um segundo
surto, ocorrido no outono do
hemisfério Norte, que se revelou mais mortífero.
Transmissão
Vários países estudam o desenvolvimento de uma vacina
para o vírus da nova gripe, já
que a vacina para influenza comum não é eficaz contra ele.
O CDC trabalha em uma vacina "piloto", que será distribuída a laboratórios. Nos EUA,
porém, não foi decidido se haverá produção em larga escala.
Pesquisas do CDC apontam
ainda que a média de contaminação entre familiares de uma
pessoa infectada esteja entre
25% e 30%. O número condiz
com o de gripes sazonais.
Pesquisadores do Imperial
College de Londres e da Universidade de Edinburgo, responsáveis pela primeira análise
genética do novo vírus, concluíram que ele se espalha com a
mesmo velocidade de uma gripe comum -taxa apenas "suficiente para que o vírus continue existindo"-, segundo artigo na revista "New Scientist". A
análise sugere ainda que o vírus
pode ter surgido já em janeiro.
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