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Para cientista, demora explica mortes mexicanas
EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
O aspecto cultural, em vez do
socioeconômico, pode ajudar a
explicar o motivo de o novo vírus Influenza ter matado só cidadãos mexicanos até ontem.
"Não creio que os casos positivos estejam associados a
questões nutricionais. Pessoas
de todos os níveis sociais foram
contaminadas pelo vírus", afirmou à Folha a infectologista
mexicana Ana Flisser, que já
dirigiu o Instituto Nacional de
Diagnóstico e Referência Epidemiológica do México.
É importante considerar as
diferenças entre o comportamento latino e o anglo-saxônico, diz a cientista mexicana.
"Nos EUA, as pessoas doentes vão mais rápido ao hospital.
No México, estamos acostumados a conviver mais com as
doenças e a fazer também a automedicação". Os doentes mexicanos chegam tarde ao hospital, quando a gripe já apresenta
complicações, diz Flisser.
Sem uma opinião formada
sobre o desenrolar da epidemia
-os próximos cinco dias, no
México, serão decisivos, diz
ela-, a pesquisadora diz ter
identificado a causa da confusão numérica em seu país.
O governo mexicano precisou reduzir de forma drástica o
número de mortes atribuídas à
nova gripe. A cifra caiu para sete, antes de voltar a subir.
"O diagnóstico é feito por
etapas e por isso os dados variaram", diz. Os responsáveis
pelos testes no México não sabiam que estavam diante de
um vírus novo. O sistema de
diagnóstico detectava apenas
que era um vírus humano.
As mortes causadas pelo vírus da gripe normal e pelo novo
H1N1, em um primeiro momento, foram debitadas todas
na mesma conta.
"Quando começaram a surgir casos em grupos de idade
que não são de risco, resolveram mandar as amostras a
EUA e Canadá". Só assim é que
o novo vírus, originário do porco mas que passou para transmissão exclusivamente humana, foi identificado.
A expectativa de Flisser é
que a gripe seja controlada no
México. "Não haverá praticamente atividade econômica
aqui", diz. Assim, diz, o problema mundial poderá "ser, talvez, suavizado".
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