São Paulo, sábado, 02 de maio de 2009

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EUA querem barrar Irã e China na América Latina

Hillary Clinton afirma que influência desses países na região é "muito perturbadora"

Teerã, Pequim e Moscou vêm intensificando laços diplomáticos e econômico com governos regionais; Ahmadinejad vem ao Brasil

DA REDAÇÃO

Os EUA querem melhorar as relações com vários países da América Latina para tentar barrar a crescente influência do Irã, da China e da Rússia na região, disse ontem a secretária de Estado Hillary Clinton.
Em reunião com a cúpula diplomática americana, Hillary chamou de "muito perturbadoras" as relações que os três países, um inimigo e dois potenciais rivais dos EUA, mantêm com Venezuela, Nicarágua, Bolívia e Equador.
"Esse é um mundo multipolar onde estamos competindo por atenção e relações com pelo menos os russos, os chineses e os iranianos, e não acho que seja do nosso interesse dar as costas para países que estão no nosso hemisfério", acrescentou a secretária de Estado.
Ela não citou especificamente a visita que o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, fará a Brasil, na próxima quarta-feira. O iraniano também irá a Equador e Venezuela.
Segundo ela, a culpa pelo aumento da atuação de Teerã, Pequim e Moscou na América Latina é de George W. Bush (2001-2008).
Hillary afirmou que a política de Bush foi contraprodutiva e permitiu que líderes de esquerda -como o venezuelano Hugo Chávez, o boliviano Evo Morales e o nicaraguense Daniel Ortega- promovessem o sentimento anti-EUA e abrissem as portas para Irã, China e Rússia.
Nos últimos anos, os três países vêm aumentando investimentos na América Latina, onde buscam reforçar sua presença com a abertura de novas embaixadas na região -o Irã está construindo uma megarrepresentação na Nicarágua.
Hillary insistiu em que a tática de Bush de isolar alguns governos latino-americanos e transformá-los em "inimigos internacionais" não funcionou.
"Vamos ver agora quais abordagens podem funcionar", disse a ex-primeira-dama do governo Clinton (1993-2000).
Desde que assumiu o poder, em janeiro, o governo de Barack Obama vem revertendo a retórica hostil de Bush em relação a vários países, incluindo na América Latina.
Na Cúpula das Américas, em Trinidad e Tobago no mês passado, Obama cumprimentou efusivamente Chávez e Correa, que mantinham relações tensas com Bush.
Depois da cúpula, Obama levantou as restrições para que familiares de cubanos vivendo nos EUA possam viajar a Cuba e enviar dinheiro ou suprimentos ao país. Empresas americanas também poderão implantar serviços de comunicação na ilha. Mas o embargo comercial de 47 anos foi mantido.
A preocupação dos EUA com a suposta ingerência de potências externas na América Latina foi manifestada um dia depois de o governo americano divulgar seu relatório anual sobre terrorismo. No texto, Washington acusou Ahmadinejad de buscar "expandir seus laços militares" na região.


Com agências internacionais


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