São Paulo, domingo, 02 de maio de 2010

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Estatização não passa de 30%, diz Chávez

Em entrevista, venezuelano diz que Estado deve ter hegemonia de setores estratégicos, mas capital privado é desejável em outras áreas

Presidente afirma que os empresários brasileiros devem investir mais na Venezuela, pois têm apoio do governo dele e de Lula


Sérgio Lima/Folha Imagem
Chávez, em entrevista na Embaixada da Venezuela no Brasil

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Hugo Chávez diz que sua meta de estatização da economia venezuelana "não chega aos 30%" e está concentrada "nos setores estratégicos". Nos demais setores, diz, incentiva a presença do capital privado.
A seguir, tópicos da entrevista que o presidente da Venezuela concedeu na última quarta-feira ao repórter da Folha na Embaixada da Venezuela em Brasília, cuja íntegra vai ao ar hoje à noite no programa "É Notícia", da Rede TV!.

 


ESTATIZAÇÃO
Não chega aos 30%, mas está concentrada nos setores estratégicos. [Antes do meu governo] estavam privatizando o petróleo, a petroquímica, a siderurgia, as empresas básicas do Estado. Todo o setor de telecomunicações estava privatizado, todo o setor elétrico, as áreas estratégicas. Aí o Estado tem a hegemonia, e deve tê-la.
Nos demais sistemas ou componentes do modelo econômico, é válida a presença do capital privado, e não só a respeitamos, como também a promovemos. Há muitos empresários e grandes empresas brasileiras investindo na Venezuela. Na quarta-feira assinamos, na presença do presidente Lula, uma aliança estratégica com a Braskem, por exemplo, para fazer um polo petroquímico.

EMPRESAS
Eu converso muito com os empresários brasileiros e também com os argentinos, os russos, os chineses, os bielorrussos, os americanos, os vietnamitas e com os que estão na Venezuela, que são milhares de empresários e investimentos, desde os grandes até os menores. Mantemos contato permanente. No caso dos brasileiros, não sei de nenhum que tenha queixas. Pelo contrário, cada dia se aproximam mais e querem investir na Venezuela. Há grande segurança jurídica.
Existe também uma grande empatia política com Lula, e os empresários sabem que qualquer problema que venha a surgir será solucionado, como temos solucionado tudo. Na quarta-feira falei com um grupo de empresários sobre o regime de câmbio de divisas [empresas brasileiras fizeram queixa ao presidente Lula de que a Venezuela atrasava pagamentos]. Não há nenhum tipo de atraso, e, se houvesse, nós o solucionaríamos. Aproveito para convidar os empresários brasileiros a virem à Venezuela. Estão apoiados pelo governo Lula e pelo nosso governo.

DILMA
Você sabe em quem eu votaria [nas eleições para presidente do Brasil], mas não vou dizê-lo, porque respeito o Brasil. Não vou chegar aqui na Embaixada da Venezuela em Brasília e emitir uma opinião que poderia ser considerada uma interferência em assuntos internos de um país que eu amo.
Meu coração é da esquerda, isso diz tudo. Meu coração está com Lula e o projeto que ele encarna, e a projeção que ele está dando ao Brasil. Todo brasileiro ou brasileira deveria estar orgulhoso ou orgulhosa do presidente que tem e de sua obra.
Eu cheguei à América Latina antes de Lula e via um Brasil submisso às ordens dos EUA.
Hoje vejo um Brasil independente, livre, desempenhando o papel que deve desempenhar como uma potência emergente, contribuindo para a unidade da América Latina, para a luta pela justiça na África, para a luta pela paz no Oriente Médio, e Lula à frente desta dinâmica.
Então, não vou responder como você quer, mas vou dizer uma coisa. Independentemente do que a maioria do povo brasileiro decidir nas eleições de outubro, eu quero que as relações entre Brasil e Venezuela não deem um passo para trás.


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