São Paulo, sexta-feira, 02 de junho de 2006

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Potências chegam a acordo sobre o Irã

Grupo de seis países define medidas que incluem incentivos e punições, que serão aplicadas conforme a resposta de Teerã

Governo iraniano não se pronuncia após a reunião, mas sustenta que existência de precondições trava o diálogo para obter pacto

DA REDAÇÃO

Representantes de seis potências mundiais chegaram a um consenso para oferecer um pacote de incentivos ao Irã caso o país aceite interromper seu programa nuclear. Contudo, no encontro realizado ontem em Viena, também foram decididas penalidades na hipótese de o governo iraniano seguir com as atividades que diz serem pacíficas, mas que seus interlocutores temem serem bélicas.
A proposta do grupo formado por EUA, França, Reino Unido, Alemanha, Rússia e China não foi detalhada. Mas a secretária britânica das Relações Exteriores, Margaret Beckett, confirmou que, se o Irã aceitar a oferta, será suspenso o processo no Conselho de Segurança da ONU que poderia culminar em sanções contra o país.
"Nós exortamos o Irã a tomar o caminho positivo e a considerar seriamente nossas propostas, que trariam benefícios significativos [ao país]", afirmou a secretária britânica. "Também estamos de acordo que, se o governo iraniano decidir não entrar nas negociações, medidas deverão ser tomadas no Conselho de Segurança [da ONU]."
A secretária norte-americana de Estado, Condoleezza Rice, fez declaração no mesmo sentido: "Estamos de acordo com nossos parceiros europeus sobre os elementos essenciais para a concessão de um pacote de benefícios, se o Irã desistir de suas atividades nucleares que podem levar à construção de uma bomba -e também sobre as penalidades no caso de prosseguimento do programa".
Antes da reunião, diplomatas haviam dito que as ofertas poderiam incluir um reator nuclear de água leve, usado para a produção de energia elétrica, e o suprimento do combustível necessário para que o Irã não precisasse enriquecer urânio.
Entre as sanções estariam a suspensão da concessão de vistos, o congelamento de contas e ativos de funcionários do governo, além de medidas no campo econômico.
A proposta ainda será apresentada de maneira oficial a Teerã. Um alto funcionário da diplomacia norte-americana disse, sem especificar, que serão dadas "semanas" para que o governo iraniano tome uma decisão sobre o pacote oferecido.

Avanços
As conversas já haviam avançado de forma significativa anteontem, quando os EUA concordaram em negociar diretamente com Teerã sob a condição de que cessasse o enriquecimento de urânio em território iraniano. Os americanos não mantêm relações diplomáticas com o Irã desde 1980.
O acordo sobre o pacote é significativo também por contar com a adesão de China e Rússia, que vinham se mostrando contrárias à aplicação de sanções pelo Conselho de Segurança da ONU.
O ministro iraniano das Relações Exteriores afirmou, antes do final da reunião em Viena, que o seu país acha positiva a perspectiva de diálogo. No entanto Manouchehr Mottaki manteve a posição de que "o Irã não vai abrir mão de seus direitos de produzir energia nuclear".
Um diplomata europeu presente à reunião em Viena afirmou que é preciso aguardar: "Ainda não apresentamos o pacote aos iranianos, e nada que eles disseram até agora indica que a oferta será descartada".

Petróleo
Após o encontro em Viena, o preço do barril de petróleo registrou queda e ficou abaixo de US$ 71. Contribuiu também para esse cenário a decisão da Opep (Organização de Países Exportadores de Petróleo) de manter o nível de produção do produto em 28 milhões de barris por dia -o presidente venezuelano, Hugo Chávez, havia sugerido que o volume fosse reduzido para manter os preços.


Com agências internacionais


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