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Após escândalo, EUA darão aula de ética a soldados no Iraque
Antes da divulgação do relatório sobre as mortes de civis iraquianos em Haditha, exército anuncia treinamento para "humanizar" a conduta de suas tropas
Graham A. Paulsgrove/France Presse
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Fuzileiro naval americano procura sinais de uma bomba improvisada na região de Gharma, próxima à cidade de Fallujah, no Iraque |
DA REDAÇÃO
Mesmo antes da divulgação
oficial do relatório militar que
investiga a morte de 24 civis na
cidade iraquiana de Haditha no
fim do ano passado, o comandante-geral das tropas dos EUA
no Iraque, general George Casey, ordenou que os soldados
americanos e os das tropas aliadas passem por novo treinamento de "valores essenciais".
O objetivo do curso é "humanizar" a conduta dos militares,
principalmente no trato com os
civis, segundo as regras internacionais de combate.
O treinamento, que inclui slides e simulações, vai destacar
"a importância de aderir a padrões legais, morais e éticos no
campo de batalha", segundo o
comandante das tropas multinacionais no Iraque, general
Peter Chiarelli. "Como militares profissionais, é importante
que dediquemos tempo para
refletir sobre os valores que nos
separam de nossos inimigos."
O relatório, que começou a
ser elaborado em fevereiro pelas próprias Forças Armadas
dos EUA, aponta que 24 civis
iraquianos desarmados foram
mortos por soldados americanos na cidade de Haditha, em
19 de novembro de 2005.
Mentira
A investigação conclui que
alguns oficiais deram informações falsas a seus superiores e
que estes não tiveram o cuidado de checar os dados.
Segundo o jornal "New York
Times", que teve acesso aos documentos, os corpos dos 24 iraquianos tinham marcas de tiros. Mas, no dia do massacre,
um sargento informara que 15
deles haviam sido mortos pela
mesma explosão de uma bomba improvisada que matara um
fuzileiro naval americano, e
descrevera os outros nove mortos como insurgentes. Agora
acredita-se que fossem civis.
A segunda e pior falha, na
avaliação dos autores do novo
relatório, ocorreu quando uma
equipe que ajudou a remover os
corpos endossou a versão dos
fuzileiros navais. Na época, o
documento sobre as mortes foi
classificado como "ato significativo" do Exército americano
no Iraque.
O governo iraquiano decidiu
ontem iniciar seu próprio inquérito sobre as mortes em Haditha. A investigação será conduzida por uma comissão especial dos Ministérios da Justiça e
dos Direitos Humanos e por
membros da segurança, que
também vão apurar outros casos em que haja suspeita de
conduta imprópria das tropas
americanas.
Pressionado pela crise e por
grupos políticos, o primeiro-ministro iraquiano, Nuri al Maliki, disse que deve anunciar os
nomes dos ministros do Interior e da Defesa em três dias.
O caso ameaça tornar-se uma
nova mancha no histórico americano no Iraque, já deteriorado em 2004 pelo escândalo envolvendo os abusos cometidos
por seus soldados contra iraquianos na prisão de Abu
Ghraib. Ontem, o sargento Santos Cardona, 32, tornou-se o 11º
militar americano condenado
no caso. Ele foi sentenciado a
três anos e meio de detenção.
Com agências internacionais
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