São Paulo, quarta-feira, 02 de junho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EUA adotam cautela e evitam críticas a Israel

Relutância é tida como uma tentativa de não complicar os esforços de paz

Casa Branca lamenta morte de civis; posição decepciona aliados que esperavam condenação clara ao Estado judaico


ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

Apesar da forte pressão externa, os EUA permaneceram ontem relutantes em condenar Israel pelo confronto com a frota que tentou furar o bloqueio a Gaza, demonstrando apenas desagrado generalizado com a morte de civis.
A cautela da Casa Branca foi vista como tentativa de evitar complicar ainda mais os esforços em prol de negociações de paz no Oriente Médio, em momento em que os EUA tentam aliviar a tensão em suas relações com Israel.
O governo procurou ficar no limite de declaração aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU. A secretária de Estado Hillary Clinton deu "apoio total" ao texto, que critica "os atos que levaram à perda de vidas" e pede investigação imparcial.
Nem a declaração nem Hillary responsabilizaram porém Israel pelo confronto. "As necessidades legítimas de segurança de Israel devem ser supridas, assim como as necessidades legítimas dos palestinos para assistência humanitária", disse a secretária. Hillary afirmou que a situação de Gaza é "insustentável e inaceitável".
O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, disse que o governo não está inclinado a pedir o fim do bloqueio a Gaza, mas tenta "melhorar as condições humanitárias" da região. Ele afirmou que o ataque não altera "a relação de confiança" com Israel.
Obama telefonou ao premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, ontem para "lamentar a perda de vidas", "reforçar apoio à investigação imparcial" e defender "acordo de paz abrangente que estabeleça um Estado palestino".
Na segunda, o presidente conversou com o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, três vezes. Assim como exigido no texto do Conselho de Segurança, Obama também disse que trabalha com Israel para garantir a liberação dos navios e dos civis detidos.
A posição decepcionou a Turquia e outros aliados, que pediram condenação clara. A ONU deverá votar hoje projeto de resolução para abrir uma investigação internacional sobre o caso -os EUA insistiam que o procedimento não fosse "internacional", mas depois cederam. A resolução aprovada ontem não agradou nem a aliados dos palestinos, que a tacharam de fraca, nem a Israel, que a achou hipócrita.

Conselho de Direitos Humanos da ONU estuda resolução contra Israel

folha.com.br/mu744249


Texto Anterior: Opinião: A frota de Gaza e os limites da força
Próximo Texto: Lula condena a ação contra frota e defende diálogo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.