|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EUA adotam cautela e evitam críticas a Israel
Relutância é tida como uma tentativa de não complicar os esforços de paz
Casa Branca lamenta morte de civis; posição decepciona aliados que esperavam condenação clara ao Estado judaico
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
Apesar da forte pressão externa, os EUA permaneceram
ontem relutantes em condenar Israel pelo confronto com
a frota que tentou furar o bloqueio a Gaza, demonstrando
apenas desagrado generalizado com a morte de civis.
A cautela da Casa Branca
foi vista como tentativa de
evitar complicar ainda mais
os esforços em prol de negociações de paz no Oriente Médio, em momento em que os
EUA tentam aliviar a tensão
em suas relações com Israel.
O governo procurou ficar
no limite de declaração aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU. A secretária
de Estado Hillary Clinton deu
"apoio total" ao texto, que
critica "os atos que levaram à
perda de vidas" e pede investigação imparcial.
Nem a declaração nem Hillary responsabilizaram porém Israel pelo confronto.
"As necessidades legítimas de segurança de Israel
devem ser supridas, assim
como as necessidades legítimas dos palestinos para assistência humanitária", disse
a secretária. Hillary afirmou
que a situação de Gaza é "insustentável e inaceitável".
O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, disse que o
governo não está inclinado a
pedir o fim do bloqueio a Gaza, mas tenta "melhorar as
condições humanitárias" da
região. Ele afirmou que o ataque não altera "a relação de
confiança" com Israel.
Obama telefonou ao premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, ontem para "lamentar a perda de vidas", "reforçar apoio à investigação imparcial" e defender "acordo
de paz abrangente que estabeleça um Estado palestino".
Na segunda, o presidente
conversou com o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, três vezes.
Assim como exigido no
texto do Conselho de Segurança, Obama também disse
que trabalha com Israel para
garantir a liberação dos navios e dos civis detidos.
A posição decepcionou a
Turquia e outros aliados, que
pediram condenação clara.
A ONU deverá votar hoje
projeto de resolução para
abrir uma investigação internacional sobre o caso -os
EUA insistiam que o procedimento não fosse "internacional", mas depois cederam.
A resolução aprovada ontem não agradou nem a aliados dos palestinos, que a tacharam de fraca, nem a Israel, que a achou hipócrita.
Conselho de Direitos
Humanos da ONU estuda
resolução contra Israel
folha.com.br/mu744249
Texto Anterior: Opinião: A frota de Gaza e os limites da força Próximo Texto: Lula condena a ação contra frota e defende diálogo Índice
|