|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EUROPA
Organização cobra diminuição da defasagem entre a retórica e a prática em relação ao tema
Anistia critica UE sobre direitos humanos
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
A organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional (AI) cobra da presidência
holandesa da União Européia, começada ontem, ações concretas
para reduzir a defasagem entre a
retórica do bloco sobre os direitos
humanos e as práticas existentes
em seus países-membros.
Segundo as recomendações da
AI, o bloco europeu deve agir de
modo decisivo no que tange à defesa dos direitos humanos "em
um mundo em que esses direitos
são atacados cada vez mais".
"Vemos uma crescente defasagem entre a determinação de
combater o "terrorismo" e a "imigração ilegal" e o compromisso
com a proteção dos direitos individuais. Chegou a hora de a UE
influir nesse desequilíbrio", disse
Dick Oosting, diretor do escritório europeu da AI, em Haia.
De acordo com Susie Alegre,
que é a responsável da AI pela
monitoração dos direitos humanos na UE, os países europeus
"certamente não são os piores em
matéria de direitos humanos".
"Mesmo assim, a UE tem de reconhecer que há problemas de
complacência e de responsabilidade em seu território. Para tanto,
é preciso desenvolver um sistema
de defesa dos direitos humanos
coerente e amplo dentro do bloco", afirmou Alegre à Folha.
Ações na esfera doméstica e na
internacional estão entre as inúmeras recomendações da AI à
presidência rotativa da UE. Internamente, dois pontos principais
preocupam a AI: a discriminação
que atinge as minorias étnicas, sobretudo os ciganos, e os crimes
cometidos contra as mulheres.
"O racismo e a xenofobia são
problemas que geram preocupação em toda a UE. Eles se manifestam de várias formas, como ataques racistas ou práticas discriminatórias privilegiadas por autoridades. É uma pena que a lei européia proposta para combatê-los
tenha sido bloqueada nas instituições da UE", explicou Alegre.
No que se refere à violência ligada ao sexo, ela disse: "A UE tem
inúmeras leis para proteger as
mulheres da discriminação. Isso
dito, a violência contra as mulheres, familiar ou na forma de crimes como o tráfico humano, continua a existir no bloco. Um dos
maiores problemas é a falta de informações precisas sobre a violência contra as mulheres".
No âmbito internacional, a AI
exorta a presidência holandesa da
UE a colocar a defesa dos direitos
humanos no centro de sua política externa. Assim, a entidade quer
que a UE pressione a Rússia a respeitá-los na Tchetchênia.
"A AI lamenta que a UE não tenha uma posição mais forte sobre
a situação dos direitos humanos
na Rússia e já alertou os líderes
europeus sobre a perda de credibilidade de sua política externa
por conta da ausência de críticas a
Moscou. Se quer ter uma relação
"madura" com a Rússia, a UE tem
de mencionar a questão dos direitos humanos, particularmente a
tchetchena, de maneira mais clara
e dura", analisou Alegre.
"A UE não deveria satisfazer-se
com as garantias vazias da Rússia
de que "as coisas estão melhorando" na Tchetchênia", acrescentou.
Ademais, a AI pede à UE que
pressione os EUA e o Reino Unido a permitir a realização de uma
investigação independente dos
casos de tortura ocorridos em prisões iraquianas. A entidade também quer que os europeus examinem a situação dos direitos humanos na Turquia e na China.
Os turcos querem começar a debater sua eventual entrada no bloco europeu, enquanto os chineses
buscam pôr fim ao embargo europeu à venda de armas ao país.
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: História: Peronistas se dividem até ao homenagear o líder Índice
|