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Cristina Kirchner concorrerá à Presidência
Candidatura da primeira-dama argentina será lançada no dia 19; presidente aposta em ampliar base
28.jun.2007/Reuters
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Cristina Fernández de Kirchner finge tocar violino e o marido a aplaude durante inauguração de abrigo en Santiago del Estero
RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES
O chefe-de-gabinete do governo argentino, Alberto Fernández, confirmou ontem que
a primeira-dama Cristina Fernández de Kirchner será candidata a suceder o presidente
Néstor Kirchner nas eleições
de 28 de outubro.
Fernández confirmou notícia publicada ontem pelo jornal
"Clarín", que garantia que a primeira-dama lançaria sua candidatura no próximo dia 19, em
La Plata, capital da Província
de Buenos Aires, pela qual é senadora. A decisão final foi tomada na última terça-feira em
uma reunião na residência presidencial de Olivos entre Kirchner, Cristina e Fernández.
A idéia da candidatura de
Cristina foi lançada no ano passado por Kirchner depois que
um governador aliado sofreu
uma derrota na Província de
Missiones, onde buscava aprovar uma lei que garantia a reeleição sem limites. Desde então, Kirchner, embora tivesse
direito legal à reeleição, vinha
dando sinais de que a candidata
poderia ser a sua mulher, dizendo que concorreria um
"pengüino" (pingüim, seu apelido) ou uma "pengüina".
Em uma entrevista em maio,
o presidente chegou a dizer que
a eleição de sua mulher daria
uma nova "qualidade institucional" à Argentina. Analistas
políticos avaliam que um governo de Cristina poderia aumentar a inserção internacional da Argentina e aproximar o
governo de outros setores da
sociedade civil que não os sindicatos e movimentos sociais
que hoje são o sustentáculo do
governo Kirchner.
O lançamento da candidatura de Cristina foi precedido por
uma intensa agenda de viagens
internacionais -ela teve encontros com os presidentes
Hugo Chávez (Venezuela), Michele Bachelet (Chile), Rafael
Correa (Equador) e Jacques
Chirac (França, antes de que
deixasse o cargo).
Pesquisas
A decisão de que a candidata
será Cristina, embora Kirchner
apareça mais bem colocado nas
pesquisas de opinião, foi tomada com ajuda dessas mesmas
enquetes, que mostram que a
imagem do presidente vem sofrendo uma deterioração.
Quatro pesquisas divulgadas
ontem pelo "Clarín" mostram
Kirchner com uma média de
53,8% de intenção de voto. Já
Cristina tem 46,8%. Pela regra
argentina, isso bastaria para
que a primeira-dama fosse eleita no primeiro turno -a Constituição do país prevê que um
candidato vence sem precisar ir
ao segundo turno se tem mais
de 45% ou se supera 40% dos
votos, desde que tenha vantagem superior a dez pontos sobre o segundo colocado.
O lançamento de Cristina foi
acelerado pelas recentes derrotas eleitorais do kirchnerismo
na cidade de Buenos Aires e na
Terra do Fogo e pela perspectiva de que a avaliação do governo sofra maior abalo por uma
potencial crise energética caso
o inverno seja muito rigoroso.
O anúncio seria uma forma de
criar um fato positivo em meio
a um cenário de más notícias
para o governo.
Caso ganhe a eleição, Cristina será a primeira mulher eleita presidente na Argentina. O
país já teve uma presidente,
María Estela Martínez de Perón, a Isabelita. Mas ela foi eleita vice-presidente na chapa do
seu marido, Juan Domingo Perón, e assumiu a Presidência
depois que ele morreu, em
1974. Isabelita acabou deposta
no golpe militar de 1976.
A principal rival de Cristina
hoje na disputa pela Presidência é outra mulher, Elisa Carrió,
que aparece em segundo lugar
em três das quatro pesquisas,
com uma média de 13%.
No ato de lançamento de sua
candidatura, Cristina deve
anunciar também que seu candidato à vice virá da UCR
(União Cívica Radical), histórica rival do peronismo, do qual
os Kirchner fazem parte. O nome deve ser definido em uma
disputa interna entre os "radicais K", os governadores da
UCR que apóiam Kirchner. O
mais cotado para compor a chapa é Julio Cobos, de Mendoza.
A UCR apoiará oficialmente
o peronista Roberto Lavagna,
ex-ministro da Economia de
Kirchner e terceiro colocado
nas pesquisas.
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