São Paulo, segunda-feira, 02 de julho de 2007

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Cristina Kirchner concorrerá à Presidência

Candidatura da primeira-dama argentina será lançada no dia 19; presidente aposta em ampliar base

28.jun.2007/Reuters
Cristina Fernández de Kirchner finge tocar violino e o marido a aplaude durante inauguração de abrigo en Santiago del Estero

RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES

O chefe-de-gabinete do governo argentino, Alberto Fernández, confirmou ontem que a primeira-dama Cristina Fernández de Kirchner será candidata a suceder o presidente Néstor Kirchner nas eleições de 28 de outubro.
Fernández confirmou notícia publicada ontem pelo jornal "Clarín", que garantia que a primeira-dama lançaria sua candidatura no próximo dia 19, em La Plata, capital da Província de Buenos Aires, pela qual é senadora. A decisão final foi tomada na última terça-feira em uma reunião na residência presidencial de Olivos entre Kirchner, Cristina e Fernández.
A idéia da candidatura de Cristina foi lançada no ano passado por Kirchner depois que um governador aliado sofreu uma derrota na Província de Missiones, onde buscava aprovar uma lei que garantia a reeleição sem limites. Desde então, Kirchner, embora tivesse direito legal à reeleição, vinha dando sinais de que a candidata poderia ser a sua mulher, dizendo que concorreria um "pengüino" (pingüim, seu apelido) ou uma "pengüina".
Em uma entrevista em maio, o presidente chegou a dizer que a eleição de sua mulher daria uma nova "qualidade institucional" à Argentina. Analistas políticos avaliam que um governo de Cristina poderia aumentar a inserção internacional da Argentina e aproximar o governo de outros setores da sociedade civil que não os sindicatos e movimentos sociais que hoje são o sustentáculo do governo Kirchner.
O lançamento da candidatura de Cristina foi precedido por uma intensa agenda de viagens internacionais -ela teve encontros com os presidentes Hugo Chávez (Venezuela), Michele Bachelet (Chile), Rafael Correa (Equador) e Jacques Chirac (França, antes de que deixasse o cargo).

Pesquisas
A decisão de que a candidata será Cristina, embora Kirchner apareça mais bem colocado nas pesquisas de opinião, foi tomada com ajuda dessas mesmas enquetes, que mostram que a imagem do presidente vem sofrendo uma deterioração.
Quatro pesquisas divulgadas ontem pelo "Clarín" mostram Kirchner com uma média de 53,8% de intenção de voto. Já Cristina tem 46,8%. Pela regra argentina, isso bastaria para que a primeira-dama fosse eleita no primeiro turno -a Constituição do país prevê que um candidato vence sem precisar ir ao segundo turno se tem mais de 45% ou se supera 40% dos votos, desde que tenha vantagem superior a dez pontos sobre o segundo colocado.
O lançamento de Cristina foi acelerado pelas recentes derrotas eleitorais do kirchnerismo na cidade de Buenos Aires e na Terra do Fogo e pela perspectiva de que a avaliação do governo sofra maior abalo por uma potencial crise energética caso o inverno seja muito rigoroso. O anúncio seria uma forma de criar um fato positivo em meio a um cenário de más notícias para o governo.
Caso ganhe a eleição, Cristina será a primeira mulher eleita presidente na Argentina. O país já teve uma presidente, María Estela Martínez de Perón, a Isabelita. Mas ela foi eleita vice-presidente na chapa do seu marido, Juan Domingo Perón, e assumiu a Presidência depois que ele morreu, em 1974. Isabelita acabou deposta no golpe militar de 1976.
A principal rival de Cristina hoje na disputa pela Presidência é outra mulher, Elisa Carrió, que aparece em segundo lugar em três das quatro pesquisas, com uma média de 13%.
No ato de lançamento de sua candidatura, Cristina deve anunciar também que seu candidato à vice virá da UCR (União Cívica Radical), histórica rival do peronismo, do qual os Kirchner fazem parte. O nome deve ser definido em uma disputa interna entre os "radicais K", os governadores da UCR que apóiam Kirchner. O mais cotado para compor a chapa é Julio Cobos, de Mendoza.
A UCR apoiará oficialmente o peronista Roberto Lavagna, ex-ministro da Economia de Kirchner e terceiro colocado nas pesquisas.


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