São Paulo, quarta-feira, 02 de julho de 2008

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García reedita rei e manda Morales se calar

DA REDAÇÃO

As diferenças entre Peru e Bolívia continuaram ontem depois que o presidente peruano, Alan García, reeditou contra o colega Evo Morales a já célebre frase do rei espanhol, Juan Carlos: "Por que não se cala?"
"Teríamos de dizer a ele [Morales] como Juan Carlos da Espanha: "Por que não se cala?" Meta-se com seu país e não se meta com o meu", disse García em Lima. A expressão ficou famosa em 2007, quando o rei espanhol a usou contra o presidente venezuelano, Hugo Chávez, aliado de Morales.
O peruano reagiu assim a uma declaração do presidente boliviano que, no sábado, urgiu o "povo peruano" a resistir às supostas tratativas para a instalação de uma base militar americana no Peru. Lima, que nega a negociação, considerou a frase uma ingerência e convocou em protesto o embaixador do país em La Paz para consultas.
Ontem, García, que também viu na frase de Morales incentivo à paralisação nacional chamada pela oposição peruana para o dia 9, aproveitou para atacar Morales, fazendo referência à crise política boliviana: "Parece suficiente o que fez na Bolívia para vir meter-se aqui".
Na cúpula do Mercosul, na Argentina, Morales devolveu: "Qualquer presidente que mande outro se calar é antidemocrático". Afirmou que a "soberba" de reis não deve ser copiada e que a base militar americana é "um problema da região" e que mencioná-la "não é uma intromissão".
Enquanto isso, o vice-chanceler boliviano, Hugo Fernández, tentava acalmar os ânimos. Disse que Morales não quis interferir em temas internos e que considera "seriamente" as preocupações do vizinho.
O modelo nacionalista de Morales, aliado de Chávez e com diferenças crescentes com os EUA, já entrava em choque com o de García -que aproveita o tratado de livre-comércio entre Peru e EUA e a cooperação antidrogas para se cacificar como aliado americano na América do Sul. Mas as relações bilaterais pioraram consideravelmente nos últimos meses.
No começo do mês, o boliviano disse que García lhe parecia mais "gordo" e menos antiimperialista do que em seu primeiro mandato (1985-1990), quando nacionalizou o sistema bancário peruano. A frase tinha como pano de fundo divergências dos dois países na CAN (Comunidade Andina). A Bolívia considera que Peru e Colômbia querem isolá-la para fechar um acordo comercial entre a CAN e a União Européia.


Com agências internacionais


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