São Paulo, sexta-feira, 02 de julho de 2010

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Obama faz apelo por reforma migratória

Em aceno a eleitores latinos, presidente faz seu primeiro discurso sobre o tema desde que assumiu Casa Branca

Democrata afirma que sistema está "falido" e pede apoio da oposição; lei do Estado do Arizona é alvo de novas críticas


Dennis Brack/Efe
Opresidente dos Estados Unidos, Barack Obama, durante discurso sobre a reforma migratória, ontem em Washington

CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK

O presidente dos EUA, Barack Obama, disse ontem que o sistema imigratório americano "parece fundamentalmente falido" e pressionou o Congresso a corrigir as falhas na legislação.
Em discurso de meia hora na American University, em Washington, Obama criticou os republicanos por atrasarem a aprovação de uma reforma imigratória que, entre outras coisas, abriria caminho para a regularização de estimados 11 milhões de residentes "indocumentados".
"Estou pronto para seguir em frente, a maioria dos democratas está pronta para seguir em frente, e acredito que a maioria dos americanos esteja esperando para ir em frente. O fato é que, sem apoio bipartidário, não podemos resolver esse problema", afirmou o democrata.
Ele atacou a lei aprovada em abril no Estado do Arizona, que tem o "potencial de violar os direitos de cidadãos americanos inocentes e de residentes legais, fazendo deles objeto de questionamento por causa de sua aparência ou de sua fala".
A polêmica legislação, que entrará em vigor no dia 29, exige que policiais, ao pararem alguém por qualquer infração, questionem o status migratório se houver "suspeita razoável" de que se trate de um residente ilegal. Em outros Estados, esse papel cabe somente a agentes federais de imigração.
A nova regra levou medo principalmente aos imigrantes latinos, que iniciaram uma debandada do Estado antes mesmo de a lei vigorar.
Espera-se que a Casa Branca entre com um processo contra o Arizona para derrubar a nova lei -Obama, no entanto, não mencionou a ação em seu discurso de ontem, o primeiro totalmente dedicado ao tema da imigração desde que assumiu o cargo, em janeiro de 2009.
O democrata disse apenas que a lei cria precedente para que "diferentes regras para a imigração sejam empregadas em diferentes partes do país". Essa "colcha de retalhos", na visão dele, exige "um claro padrão nacional".

VIÉS ELEITORAL
Embora tenha dado poucos detalhes do que seria a reforma, Obama defendeu que se abra caminho para a regularização dos "indocumentados" e pediu medidas para reforçar a segurança das "porosas" fronteiras.
Em março, ele apoiara projeto dos senadores Charles Schumer e Lindsay Graham que continha alguns desses pontos.
O presidente rejeitou a ideia de deportações em massa de residentes ilegais, um processo "logisticamente impossível e muito caro", mas defendeu que eles sejam "responsabilizados".
Apesar de afirmar que a mudança não pode demorar, nem a Casa Branca nem a liderança democrata no Congresso esperam que a reforma seja votada neste ano.
Para a mídia americana, o presidente quis demonstrar preocupação com o tema de olho nas eleições legislativas de novembro, quando os votos latinos podem ser decisivos em Estados importantes.


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