|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ANÁLISE
Perda de apoio latino explica nova atenção a tema polêmico
EDWARD LUCE
DO "FINANCIAL TIMES"
Quem quer que esteja imaginando por que Barack Obama decidiu pressionar agora
por uma reforma nas leis de
imigração deveria consultar
os números das pesquisas de
opinião pública.
Nos seus 17 meses na Casa
Branca, Obama se provou
uma decepção para o eleitorado de origem hispânica, o
grupo que mais cresce entre
os votantes dos EUA.
Ao longo de 2010, os índices de aprovação a Obama
entre os negros e os brancos
dos EUA não mudaram nada
-estão parados em 91% e
41%, respectivamente. Entre
os hispânicos, em contraste,
sua aprovação caiu 12 pontos
percentuais, para 57%.
Num indicador que preocupa os democratas, outro
grupo que vem demonstrando crescente relutância em
comparecer às urnas nas
eleições legislativas de novembro é a jovem geração do
milênio, cujo entusiasmo,
somado ao dos latinos, foi
decisivo para dar ao partido
uma ampla maioria em 2008.
O discurso de ontem é um
esforço tardio de Obama para
retomar uma causa que ele
nem mesmo mencionou em
seu discurso sobre o Estado
da União, em janeiro.
A despeito da lógica eleitoral que justifica tratar da
questão, Obama teve de contrariar a opinião cética de
seus assessores políticos, para os quais não fazia sentido
retomar uma causa que tem
pouca chance de ser transformada em lei ainda este ano.
REPUBLICANOS
Mas esse senso de paralisia deve se fortalecer ainda
mais depois de novembro,
quando os republicanos provavelmente obterão ganhos
consideráveis, talvez decisivos, no Congresso.
Tendo aplaudido seus colegas do Arizona, que em
abril aprovaram a mais draconiana lei de restrição à imigração em décadas, os republicanos estão trabalhando
em direta oposição a seus interesses como partido.
Ainda que esteja fora de
moda elogiar George W.
Bush, o ex-presidente compreendia de maneira instintiva que os imigrantes, legais
ou não, formam parte essencial da tradição americana.
Como governador do Texas, ele conquistou forte
apoio hispânico. "Se eles são
capazes de cruzar o rio Grande para chegar até aqui, nós
certamente os queremos",
declarou Bush em certa ocasião. Em 2000, ele conquistou mais de 40% do voto hispânico, recorde que nenhum
republicano atingiu.
Talvez a mais clara indicação de o quanto os republicanos mudaram seja John
McCain. Em 2006, o senador
colaborou estreitamente
num projeto de lei bipartidário que reformaria o sistema
de imigração dos EUA.
Em 2007, McCain repudiou o projeto, como parte de
seu esforço para garantir a
indicação presidencial.
Diante de um desafiante
conservador nas primárias
do Arizona para o Senado,
ele completou neste ano sua
reviravolta, apoiando a polêmica lei anti-imigração de
seu Estado.
Texto Anterior: Projeto de Reforma apoiado por Obama Próximo Texto: Suspeito admite ter espionado para Rússia Índice
|