São Paulo, sexta-feira, 02 de julho de 2010

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Venezuela manda prender outro sócio de TV crítica

Nelson Mezerhane, do canal Globovisión, é acusado de fraudes em banco

Empresário comanda o Banco Federal, hoje sob intervenção do governo, e é sócio do único canal anti-Chávez ainda no ar


FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS

A Justiça da Venezuela emitiu ordem de captura do dono do Banco Federal, Nelson Mezerhane, cuja instituição está sob intervenção do governo desde 14 de junho por falta de liquidez e supostas operações irregulares.
Mezerhane, também sócio do Globovisión, TV que faz aberta oposição ao governo Hugo Chávez, diz que ação contra ele e banco é política.
O anúncio da ordem de captura foi feito ontem pela procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega Díaz, em seu programa em uma rádio estatal. O pedido fora aceito pela Justiça no dia anterior.
O banqueiro é acusado de ligação com supostas fraudes ocorridas no banco e de transferir dinheiro para o exterior "em prejuízo dos correntistas", quase 300 mil, e empresas públicas clientes. Outros 18 diretores do banco estão proibidos de deixar o país há 15 dias.
Ainda em 14 de junho, Mezerhane disse em entrevista à Globovisión que estava fora da Venezuela. Chegou a ir na mesma semana a um estúdio da TV americana CNN em Espanhol, mas desde então não fez mais aparições públicas.
Além do banqueiro, também está sendo procurado pela polícia venezuelana e pela Interpol outro sócio da Globovisión: o presidente do canal, Guillermo Zuloaga.
Zuloaga e o filho, que estão foragidos, são acusados de "usura genérica" por esconderem 24 veículos na residência da família, dona de concessionária, para promover a especulação de preços. ONGs de direitos humanos e relatorias para liberdade de expressão da ONU e da OEA condenaram a ordem de prisão. Os grupos dizem haver uma estratégia intimidatória por parte de Chávez.

INTERVENÇÃO
Dias após as ordens de prisão contra Zuloaga e Mezerhane, o presidente venezuelano sugeriu que pode tomar o controle das ações do banqueiro na Globovisión, a única TV crítica ainda no ar. O Banco Federal está sob intervenção branca desde o fim de 2009. Economistas e analistas não descartam haver viés político na ação contra a instituição, mas dizem que havia uma debilidade que punha clientes em risco.
A intervenção foi apoiada pela associação de bancos venezuelana, mas Mezerhane afirma que a fragilidade foi gerada pelo próprio Chávez, que promoveu um "ataque especulativo" ao ameaçar controlar o banco. O governo interveio ainda em três empresas financeiras ligadas ao Federal, mas já começou a devolver o dinheiro de correntistas afetados.

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folha.com.br/mu760665



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