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Venezuela manda prender outro sócio de TV crítica
Nelson Mezerhane, do canal Globovisión, é acusado de fraudes em banco
Empresário comanda o Banco Federal, hoje sob intervenção do governo, e é sócio do único canal anti-Chávez ainda no ar
FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS
A Justiça da Venezuela
emitiu ordem de captura do
dono do Banco Federal, Nelson Mezerhane, cuja instituição está sob intervenção do
governo desde 14 de junho
por falta de liquidez e supostas operações irregulares.
Mezerhane, também sócio
do Globovisión, TV que faz
aberta oposição ao governo
Hugo Chávez, diz que ação
contra ele e banco é política.
O anúncio da ordem de
captura foi feito ontem pela
procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega Díaz, em
seu programa em uma rádio
estatal. O pedido fora aceito
pela Justiça no dia anterior.
O banqueiro é acusado de
ligação com supostas fraudes ocorridas no banco e de
transferir dinheiro para o exterior "em prejuízo dos correntistas", quase 300 mil, e
empresas públicas clientes.
Outros 18 diretores do banco estão proibidos de deixar
o país há 15 dias.
Ainda em 14 de junho, Mezerhane disse em entrevista à
Globovisión que estava fora
da Venezuela. Chegou a ir na
mesma semana a um estúdio
da TV americana CNN em Espanhol, mas desde então não
fez mais aparições públicas.
Além do banqueiro, também está sendo procurado
pela polícia venezuelana e
pela Interpol outro sócio da
Globovisión: o presidente do
canal, Guillermo Zuloaga.
Zuloaga e o filho, que estão foragidos, são acusados
de "usura genérica" por esconderem 24 veículos na residência da família, dona de
concessionária, para promover a especulação de preços.
ONGs de direitos humanos
e relatorias para liberdade de
expressão da ONU e da OEA
condenaram a ordem de prisão. Os grupos dizem haver
uma estratégia intimidatória
por parte de Chávez.
INTERVENÇÃO
Dias após as ordens de prisão contra Zuloaga e Mezerhane, o presidente venezuelano sugeriu que pode tomar
o controle das ações do banqueiro na Globovisión, a única TV crítica ainda no ar.
O Banco Federal está sob
intervenção branca desde o
fim de 2009. Economistas e
analistas não descartam haver viés político na ação contra a instituição, mas dizem
que havia uma debilidade
que punha clientes em risco.
A intervenção foi apoiada
pela associação de bancos
venezuelana, mas Mezerhane afirma que a fragilidade
foi gerada pelo próprio Chávez, que promoveu um "ataque especulativo" ao ameaçar controlar o banco.
O governo interveio ainda
em três empresas financeiras
ligadas ao Federal, mas já começou a devolver o dinheiro
de correntistas afetados.
"Escândalo da comida"
abala governo Chávez
folha.com.br/mu760665
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