São Paulo, sábado, 02 de julho de 2011

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Marrocos aprova mudanças em regime monárquico

Comparecimento a referendo frustra oposicionistas, que pregaram boicote por achar reformas insuficientes

Com nova Carta, rei Mohammed 6º mantém poderes; monarquia tenta evitar que país viva onda de revoltas

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O rei marroquino Mohammed 6º aprovou ontem o referendo sobre as mudanças constitucionais propostas para o país, de acordo com resultados preliminares divulgados ontem pelo governo.
A apuração de 94% das urnas apontou aprovação por parte de 98,5% dos eleitores. O resultado final deve ser divulgado em alguns dias. Cerca de 73% dos eleitores compareceram às votações.
O percentual é bem superior ao verificado nas últimas eleições municipais -que registraram comparecimento de 52%, dois anos atrás- e frustra os líderes oposicionistas que haviam convocado boicote ao pleito por considerar as reformas insuficientes.
Mohammed 6º ordenou a revisão da Constituição como uma tentativa de aplacar os protestos no país, na esteira da onda de revoltas que, no mundo árabe, derrubou o ditador da Tunísia, Ben Ali, em janeiro e o do Egito, Hosni Mubarak, no mês seguinte.
A nova Carta, revisada por um comitê convocado por ordem do rei, concede poderes executivos ao premiê e permite que ele escolha embaixadores, ministros e governadores de província. O primeiro-ministro passará a ter também o poder de dissolver a câmara baixa do Parlamento.
O monarca, porém, manterá o controle nos campos militar e religioso. Também caberá a ele escolher o premiê entre os integrantes do partido que vencer o pleito parlamentar -e tanto a dissolução da câmara baixa quanto a escolha dos governadores terão de ser aprovadas por ele.

SEM APOIO POPULAR
Para a oposição, a proposta está muito aquém das demandas do Movimento 20 de Fevereiro, que liderou as manifestações em Marrocos e defende uma monarquia parlamentar, nos moldes da britânica ou da espanhola.
A rigor, a monarquia marroquina apenas deixa de ser absoluta, como é hoje na prática, para ser constitucional. A família real marroquina está há quase quatro séculos no poder -é a maior longevidade do mundo árabe.
O 20 de Fevereiro, porém, não atraiu o apoio popular obtido pelos revoltosos tunisianos e egípcios. Os oposicionistas esperavam que um baixo comparecimento à votação fortalecesse suas reivindicações por novas reformas.


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