São Paulo, sábado, 02 de julho de 2011

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Chávez volta em até 6 meses, afirma vice

Elías Jaua diz que presidente venezuelano, que está em Cuba para tratar câncer, não vai se licenciar do cargo

Comandante das Forças Armadas vai à TV para dizer que Constituição será respeitada e que o governo Chávez segue

FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS

O vice-presidente da Venezuela, Elías Jaua, estimou que o presidente Hugo Chávez, que revelou anteontem em uma mensagem na TV que sofre de câncer, pode seguir governando o país a partir de Havana (Cuba), onde recebe tratamento médico, por até seis meses.
Jaua, em entrevista à Rádio W, da Colômbia, descartou a possibilidade de assumir temporariamente o poder, como tem cobrado a oposição e constitucionalistas que alegam que o país deve evitar instabilidade política e ingovernabilidade.
"Estamos absolutamente seguros, para desagrado da oposição, que o presidente estará aqui antes de 180 dias", disse, sem dizer quando retornará.
Ontem, Chávez participou, por telefone, de programa na TV cubana, com transmissão simultânea pelas emissoras estatais venezuelanas, e afirmou que a superação da doença o fortalecerá.
"Estamos muito otimistas", disse o presidente de 56 anos, com voz firme, na primeira declaração desde que revelou ter câncer. Chávez agradeceu pelas mensagens de apoio e contou que havia conversado com os presidente Rafael Correa (Equador), Evo Morales (Bolívia) e Cristina Kirchner (Argentina).
Ele também narrou os exames e cirurgias a que se submeteu. "Se não é por Fidel, [Castro], sabe Deus em que labirinto eu estaria", afirmou, referindo-se ao ex-ditador de Cuba, a quem chamou de "médico superior".
Ele disse estar "assimilando" o "erro fundamental" de ter negligenciado sua saúde. O conceito ele disse ter retirado de "Assim Falou Zaratustra", do filósofo alemão Friedrich Nietzsche, que está lendo durante a recuperação.
Para os governistas, Chávez pode legalmente governar em Cuba, já que tem uma autorização da Assembleia para estar no exterior por mais de cinco dias -recebeu-a para a turnê que começou em 5 de junho no Brasil e acabaria em Cuba.
Os opositores sustentam que, dada a saúde de Chávez, deveria ser declarada sua "ausência temporária".
Uma vez declarada a ausência temporária, ela pode durar 90 dias, prorrogáveis por mais 90, daí a referência de Jaua aos seis meses. Neste caso, assume vice, de livre nomeação pelo presidente.
Ainda segundo a Carta, a declaração de "ausência absoluta" pode ocorrer após seis meses, com base num laudo de uma junta médica chancelada pelo Supremo Tribunal de Justiça e pela Assembleia Nacional. A situação é improvável já que ambos apoiam Chávez.
Ontem, o chefe das Forças Armadas, general Henry Rangel Silva, afirmou que os militares garantirão a continuidade do governo de Chávez.
"Estamos em uma situação estranhíssima, delicada. Temos um presidente assinando decretos fora do país. Entendo que a declaração de Rangel responde a uma inquietude que deve haver entre os militares pela questão de soberania", disse à Folha a socióloga Margarita Maya, estudiosa do chavismo.
A notícia da doença de Chávez coincidiu com o bicentenário do independência, e os atos governistas acabaram dominados por mensagens de alento a Chávez.


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