São Paulo, segunda-feira, 02 de agosto de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

Carros-bomba explodem perto de igrejas em Bagdá e Mossul

Ataques a alvos cristãos matam 15

DA REDAÇÃO

Pelo menos 15 pessoas morreram e cerca de 60 foram feridas em uma série aparentemente coordenada de ataques com carros-bomba que atingiu ontem cinco igrejas no Iraque. No norte, em Mossul, mais um atentado contra uma delegacia deixou cinco mortos e mais de 50 feridos.
Em 15 meses de pós-guerra, essa é a primeira vez que insurgentes no Iraque atacam a minoria cristã. Os atentados atingiram quatro igrejas em Bagdá e uma em Mossul, no norte do país, por volta das 19h (hora local), durante a missa. "Esperamos um número enorme de baixas", disse um funcionário do Ministério do Interior.
O Vaticano condenou os ataques e manifestou preocupação com a possibilidade de eles acirrarem as tensões religiosas no país. "É terrível e preocupante. Parece haver uma tentativa de aumentar as tensões entre os diferentes grupos sociais, incluindo igrejas", disse o vice-porta-voz do Vaticano, padre Ciro Benedettini.
Os cristão perfazem 3% da população iraquiana, ou 800 mil pessoas -a maioria das quais vive em Bagdá. Livres durante a ditadura de Saddam Hussein (1979-2003), que reprimiu a maioria xiita, temem que a associação de sua religião às forças que invadiram o país, lideradas pelos EUA, os faça alvo de perseguição muçulmana.
Em maio, o grupo de defesa dos Direitos Humanos Anistia Internacional registrou a mudança de 150 famílias cristão que viviam na cidade de Basra, no predominantemente xiita sul do país, para o norte, fugindo de represálias. Além disso, nas últimas semanas, estabelecimentos que vendem bebidas alcóolicas no país -vários deles administrados por cristãos, pois o islã proíbe o consumo de álcool- também foram visados.
Um porta-voz militar americano disse que três dos quatro ataques em Bagdá foram provocados por carros-bomba. No pior deles, um terrorista suicida detonou um carro no estacionamento de uma igreja cristã caldéia no sul da capital, matando 12 pessoas que saíam da missa. Na Igreja Armênia de Bagdá, a explosão destruiu os vitrais e retorceu peças de metal. Cerca de 15 minutos depois, outra bomba explodiu do lado de fora de uma igreja cristã assíria, matando duas pessoas.
O coronel Mike Murray, da 1ª Divisão de Infantaria, disse que pelo menos 50 pessoas foram feridas, algumas das quais com gravidade. Em Mossul, a polícia disse que ao menos uma pessoa morreu e 15 foram feridas.
Mais cedo, na mesma cidade, um terrorista suicida detonou um carro-bomba em frente a uma delegacia, matando cinco pessoas e ferindo 53. Segundo testemunhas, um Toyota Landcruiser avançou em direção aos policiais, que abriram fogo. O terrorista morreu, mas o carro continuou a avançar.
Em Fallujah, no oeste do país, novos confrontos entre soldados dos EUA e insurgentes deixaram pelo menos dez mortos e 40 feridos, segundo hospitais locais.
As negociações para a libertação de sete caminhoneiros estrangeiros -três quenianos, três indianos e um egípcio- seqüestrados na última semana continuavam em curso. Em um segundo seqüestro, um libanês capturado anteontem foi libertado em uma operação da polícia iraquiana.


Com agências internacionais

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