São Paulo, quarta-feira, 02 de agosto de 2006

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GUERRA NO ORIENTE MÉDIO

Israel avança e ataca nordeste do Líbano

Tropas levadas por helicópteros invadem hospital supostamente usado pelo comando do Hizbollah perto da fronteira síria

Segundo analistas, intenção é destruir o máximo possível da estrutura do grupo antes da possível imposição de um cessar-fogo já nesta semana

MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE METULA (ISRAEL)

O Exército de Israel lançou ontem a maior ofensiva no Líbano desde o início do conflito com o Hizbollah, no último dia 12, e desembarcou tropas com helicópteros na região Baalbek, importante centro de comando do grupo, a cerca de 10 km da fronteira da Síria, acelerando as operações militares antes da possível imposição de um cessar-fogo pela comunidade internacional ainda nesta semana, com aprovação dos EUA.
O objetivo da ação seria matar líderes do Hizbollah que estariam usando um hospital como centro de comando. Balbek fica no vale do Bekaa, área onde há muitos brasileiros.
Segundo agências de notícias, o Hizbollah reagiu e iniciou um combate intenso com as tropas de Israel. O comandante militar do grupo terrorista, Mohamed Yazbek, estava no local, afirmaram agências de notícias.
Um porta-voz do grupo disse que os soldados israelenses foram cercados por guerrilheiros. O Exército de Israel não comentou a ação até as 3h locais (21h de Brasília).

Prontidão
A Síria -que já ameaçou entrar no conflito se soldados israelenses aproximarem-se de seu território- colocou o seu Exército em alerta e exibiu ontem pela televisão estatal imagens de soldados preparados.
Antes da chegada das tropas a Balbek, caças israelenses bombardearam a região. O Exército não havia confirmado a operação, e a Rádio Militar noticiou a manobra citando fontes libanesas.
A reportagem da Folha viu pelo menos seis helicópteros israelenses voando no norte de Israel na direção do Líbano.
A operação faz parte da intensificação da ofensiva de Israel contra o Hizbollah.
Antes, os israelenses haviam ampliado a invasão no sul do Líbano. Ali, o centro do conflito é a aldeia de Aita a Shaab, a 1 km da cidade israelense de Metula -de onde, segundo Israel, saíram os combatentes do Hizbollah que mataram nove soldados e seqüestraram dois, em ação que provocou a ofensiva israelense. Também há combates na cidade de Taibe e ao redor das aldeias de Adaisa e Rab a Talatin.
O gabinete de segurança do país aprovou o envio de mais tropas, depois que o premiê Ehud Olmert rejeitou a trégua de 48 horas em decorrência do bombardeio israelense que matou 56 civis libaneses em Qana no domingo.
Cerca de 5.000 soldados estão em território libanês, ao longo da fronteira, na maior presença de forças terrestres israelenses desde o início do conflito. Ao menos 30 mil reservistas já foram convocados.

Cessar-fogo
O Exército de Israel está atuando em três frentes no sul do Líbano com o objetivo de avançar o máximo possível até a imposição de um cessar-fogo.
Ontem, Olmert baixou o tom e afirmou que Israel "está ganhando a batalha", mas que já foi iniciado o "processo diplomático para criar as condições para um cessar-fogo". Ele não detalhou, mas o Conselho de Segurança da ONU debate amanhã os termos de um cessar-fogo, o que pode forçar Israel a conter a ofensiva.
Para analistas israelenses e libaneses, a trégua pode ser decretada já nesta semana. O acordo final envolveria a troca de prisioneiros libaneses pelos soldados israelenses seqüestrados pelo Hizbollah.
"Estamos no início de um processo político que no final trará um cessar-fogo, sob condições totalmente diferentes do que antes", disse Olmert, afirmando que a campanha "mudou a face do Oriente Médio" e que a guerra não vai conseguir acabar com todos os mísseis de grupos e países inimigos de Israel na região, mas que quem disparar contra Israel "sabe o preço que pagará".
A chanceler Tzipi Livni admitiu ontem que após o ataque a Qana o espaço de manobra política do país foi reduzido, junto com o apoio europeu.
Até agora, segundo o ministro da Justiça de Israel, Haim Ramon, cerca de 300 guerrilheiros dos 3.000 guerrilheiros do Hizbollah foram mortos. O grupo admite 43 baixas. Ao menos 620 pessoas, a maioria civis, morreram em ataques israelenses no Líbano, segundo agências de notícias.
O Hizbollah diminuiu a intensidade de disparos de foguetes contra Israel nos últimos dias. Ontem, foram lançados mais Katyushas e morteiros contra o norte do país, sem deixar feridos. Apesar disso, o ministro da Defesa israelense, Amir Peretz, repetiu a advertência para os moradores do norte não voltarem ainda para a região - cerca de 300 mil pessoas fugiram para o sul.


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