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GUERRA NO ORIENTE MÉDIO
Israel avança e ataca nordeste do Líbano
Tropas levadas por helicópteros invadem hospital supostamente usado pelo comando do Hizbollah perto da fronteira síria
Segundo analistas, intenção é destruir o máximo possível da estrutura do grupo antes da possível imposição de um cessar-fogo já nesta semana
MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE METULA (ISRAEL)
O Exército de Israel lançou
ontem a maior ofensiva no Líbano desde o início do conflito
com o Hizbollah, no último dia
12, e desembarcou tropas com
helicópteros na região Baalbek,
importante centro de comando
do grupo, a cerca de 10 km da
fronteira da Síria, acelerando as
operações militares antes da
possível imposição de um cessar-fogo pela comunidade internacional ainda nesta semana, com aprovação dos EUA.
O objetivo da ação seria matar líderes do Hizbollah que estariam usando um hospital como centro de comando. Balbek
fica no vale do Bekaa, área onde
há muitos brasileiros.
Segundo agências de notícias, o Hizbollah reagiu e iniciou um combate intenso com
as tropas de Israel. O comandante militar do grupo terrorista, Mohamed Yazbek, estava no
local, afirmaram agências de
notícias.
Um porta-voz do grupo disse
que os soldados israelenses foram cercados por guerrilheiros.
O Exército de Israel não comentou a ação até as 3h locais
(21h de Brasília).
Prontidão
A Síria -que já ameaçou entrar no conflito se soldados israelenses aproximarem-se de
seu território- colocou o seu
Exército em alerta e exibiu ontem pela televisão estatal imagens de soldados preparados.
Antes da chegada das tropas
a Balbek, caças israelenses
bombardearam a região. O
Exército não havia confirmado
a operação, e a Rádio Militar
noticiou a manobra citando
fontes libanesas.
A reportagem da Folha viu
pelo menos seis helicópteros
israelenses voando no norte de
Israel na direção do Líbano.
A operação faz parte da intensificação da ofensiva de Israel contra o Hizbollah.
Antes, os israelenses haviam
ampliado a invasão no sul do
Líbano. Ali, o centro do conflito
é a aldeia de Aita a Shaab, a 1
km da cidade israelense de Metula -de onde, segundo Israel,
saíram os combatentes do Hizbollah que mataram nove soldados e seqüestraram dois, em
ação que provocou a ofensiva
israelense. Também há combates na cidade de Taibe e ao redor das aldeias de Adaisa e Rab
a Talatin.
O gabinete de segurança do
país aprovou o envio de mais
tropas, depois que o premiê
Ehud Olmert rejeitou a trégua
de 48 horas em decorrência do
bombardeio israelense que
matou 56 civis libaneses em
Qana no domingo.
Cerca de 5.000 soldados estão em território libanês, ao
longo da fronteira, na maior
presença de forças terrestres
israelenses desde o início do
conflito. Ao menos 30 mil reservistas já foram convocados.
Cessar-fogo
O Exército de Israel está
atuando em três frentes no sul
do Líbano com o objetivo de
avançar o máximo possível até
a imposição de um cessar-fogo.
Ontem, Olmert baixou o tom
e afirmou que Israel "está ganhando a batalha", mas que já
foi iniciado o "processo diplomático para criar as condições
para um cessar-fogo". Ele não
detalhou, mas o Conselho de
Segurança da ONU debate
amanhã os termos de um cessar-fogo, o que pode forçar Israel a conter a ofensiva.
Para analistas israelenses e
libaneses, a trégua pode ser decretada já nesta semana. O
acordo final envolveria a troca
de prisioneiros libaneses pelos
soldados israelenses seqüestrados pelo Hizbollah.
"Estamos no início de um
processo político que no final
trará um cessar-fogo, sob condições totalmente diferentes
do que antes", disse Olmert,
afirmando que a campanha
"mudou a face do Oriente Médio" e que a guerra não vai conseguir acabar com todos os
mísseis de grupos e países inimigos de Israel na região, mas
que quem disparar contra Israel "sabe o preço que pagará".
A chanceler Tzipi Livni admitiu ontem que após o ataque
a Qana o espaço de manobra
política do país foi reduzido,
junto com o apoio europeu.
Até agora, segundo o ministro da Justiça de Israel, Haim
Ramon, cerca de 300 guerrilheiros dos 3.000 guerrilheiros
do Hizbollah foram mortos. O
grupo admite 43 baixas. Ao menos 620 pessoas, a maioria civis, morreram em ataques israelenses no Líbano, segundo
agências de notícias.
O Hizbollah diminuiu a intensidade de disparos de foguetes contra Israel nos últimos
dias. Ontem, foram lançados
mais Katyushas e morteiros
contra o norte do país, sem deixar feridos. Apesar disso, o ministro da Defesa israelense,
Amir Peretz, repetiu a advertência para os moradores do
norte não voltarem ainda para
a região - cerca de 300 mil pessoas fugiram para o sul.
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