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Juíza adia decisão de Chávez de tirar RCTV a cabo do ar
Supremo Tribunal aceitou à noite recurso de entidade de TVs por assinatura
Governo, que não renovou concessão do canal aberto, quer fim da transmissão a cabo porque emissora não se registrou como nacional
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Uma decisão de última hora
do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) suspendeu temporariamente a decisão do governo
Hugo Chávez de tirar do ar novamente a emissora oposicionista RCTV. O novo fim das
transmissões estava marcado
para as 23h59 de ontem.
Com sentença da presidente
do STJ, Luisa Estella Morales, a
decisão divulgada no início da
noite declarou procedente um
recurso judicial apresentado
horas antes pela Câmara Venezuelana de Assinatura por Cabo (Cavetesu). A ação tem como objetivo suspender a saída
do ar da RCTV e solicitar o esclarecimento do termo "produtora nacional".
"Como não sabemos o que é
um produtor nacional, estamos
pedindo ao principal órgão judicial mais importante do país
que suspenda a medida e que a
partir daí promova que a Conatel (Comissão Nacional de Telecomunicações) e nós nos sentemos para definir esse termo",
disse o presidente da Cavetesu,
Mario Seijas, à Unión Radio.
Em decisão preliminar, o
STJ determinou à Conatel que
defina o que são "serviços de
produção nacional audiovisual" para avaliar a decisão do
órgão estatal sobre a RCTV.
Depois que a RCTV voltou a
transmitir por TV paga, há 17
dias, a Conatel exigiu que a
emissora se registrasse no órgão como "produtora nacional", sob de perder novamente
o direito estar no ar. O objetivo
declarado do governo é que a
emissora seja obrigada a transmitir as constantes cadeias de
TV de Chávez, que costumam
dura até quatro horas e ocorrem até três vezes por semana.
A RCTV, que agregou "internacional" ao nome, diz que não
é obrigada a exibir as cadeias
porque sua sede agora é nos
EUA e porque transmite a outros três países. Logo, deveria
ser tratada como qualquer outra emissora internacional,
apesar de toda sua produção
ser feita na Venezuela.
Ontem, Chávez ironizou o
segundo fim das transmissões
da RCTV: "Se tiveram com quê,
agora não têm mais". "Cada vez
que tentarem nos desestabilizar, vão se chocar contra a dura
realidade, um povo que despertou, uma nação que está viva,
consciente do que está acontecendo aqui", disse.
Ao contrário da época em
que a emissora RCTV deixou de
transmitir por sinal aberto,
praticamente não houve protestos na Venezuela. O principal deles ocorreu diante da Conatel, no bairro Las Mercedes,
zona nobre da capital. Às 15h, a
reportagem da Folha contou
47 manifestantes, vigiados por
cerca de 40 policiais. A maioria
era estudantes -alguns deles
haviam se acorrentado numa
árvore diante do prédio do órgão estatal que regula as telecomunicações.
Em entrevista à TV Globovisión, o presidente da RCTV,
Marcel Granier, disse que o
STJ é controlado pelos chavistas e que a medida a favor de
seu canal não durará. Para ele,
o novo fim das transmissões "é
um atropelo de poder disfarçado com o presente de dar uns
dias mais de vida à RCTV".
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