Em mensagem por um ano de sua licença, ditador cubano afirma não acreditar em diálogo com EUA e pede reforço da defesa do país

DA REPORTAGEM LOCAL

O ditador cubano, Fidel Castro, afirmou que seu irmão Raúl o consulta sempre "em cada decisão importante" e que se sente "assediado" com as perguntas sobre quando voltará ao poder - mas não respondeu se isso vai acontecer, nem quando. As declarações estão em artigo publicado ontem pelos jornais oficiais "Granma" e "Juventud Rebelde" e que foi lido na íntegra várias vezes pelas rádio e televisão cubanas. Com apenas nove parágrafos, intitulado "A chama interna", é um dos menores dos 34 escritos por Fidel desde março.
Há exatamente um ano, Castro se licenciou do cargo para tratar uma enfermidade no intestino e nomeou seu irmão Raúl, vice-presidente, como substituto. O ditador, que faz 81 anos em 13 de agosto, disse que está satisfeito com a unidade com que "seguem adiante Raúl, o Partido Comunista, o governo e as organizações de massa e sociais" em sua ausência. "O que farei? Lutar sem descanso, como fiz toda a vida", escreve.
Os EUA ocupam boa parte do artigo, definidos por Castro como "um poder real e destrutivo no mundo, emanado de um império decadente que ameaça a todos". "A luta deve ser implacável, contra nossas próprias deficiências e contra o inimigo insolente que tenta se apoderar de Cuba", escreveu.
Recomendou que ninguém deve ter ilusões de que o governo americano vá negociar com Cuba a solução do conflito entre os dois países. Pediu que se reforce a "capacidade e a preparação defensiva" do país.
"Por muito que digamos ao povo dos EUA que nossa luta não é contra ele, este não está em condições de frear o espírito apocalíptico de seu governo, nem a turva e maníaca idéia do que chamam de uma Cuba democrática", escreveu.
Em discurso na festa nacional de 26 julho, aniversário da tentativa de invasão do quartel Moncada, Raúl Castro reiterou que tem interesse em começar um diálogo com quem suceda George W. Bush.