|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Rússia avança na disputa por pólo Norte
Expedição russa chega para fincar bandeira no fundo do Ártico, em área rica em petróleo que país reivindica como sua
EUA, Dinamarca, Noruega e Canadá também pleiteiam região, de soberania compartilhada; alta do petróleo impulsiona corrida
DA REDAÇÃO
Uma expedição científica da
Rússia no pólo Norte se prepara para uma missão histórica e
carregada de significado político: nas próximas horas um submarino deve fincar uma bandeira do país no fundo do mar
Ártico, num gesto para fortalecer a reivindicação de Moscou
de que a área, potencialmente
rica em petróleo, lhe pertence.
A equipe russa já chegou à latitude 86, perto do pólo geográfico, onde abriu um buraco na
superfície gelada. Se não houver mudança drástica nas condições climáticas, por ele devem entrar dois mini-submarinos tripulados que alcançarão o
fundo do mar a cerca de 4,3 km
de profundidade -um recorde
no local. Além de colher material para pesquisa científica,
vão liberar uma estrutura de
metal com a bandeira russa.
Com os elementos recolhidos, a expedição espera poder
provar que a cordilheira submarina Lomonosov, embaixo
do pólo, faz parte da plataforma
continental da Sibéria. Moscou
afirma que as evidências serão
suficientes para que a ONU reconheça que a área, de soberania internacional compartilhada, é da Rússia.
A equipe de pesquisadores é
chefiada por Artur Chilingarov,
famoso no país por suas explorações no Ártico e agora também vice-presidente do Parlamento. "Vamos provar que o
pólo Norte é uma extensão da
plataforma continental russa",
disse Chilingarov. "Vamos ser
os primeiros a fincar uma bandeira lá. O Ártico é nosso."
A bonança provocada pela alta do petróleo tem permitido
que Moscou injete dinheiro nas
pesquisas. Em maio, o presidente Vladimir Putin prometeu defender "os interesses estratégicos, econômicos, científicos e de defesa no Ártico".
Em junho, a imprensa russa
noticiou que uma equipe de
pesquisa havia retornado do
pólo com a "sensacional notícia" de que Lomonosov estava,
sim, ligada ao território russo.
Os jornais publicaram mapas
com cerca de 45% da região
-uma área com os tamanhos
da França, Rússia e Itália combinados- com as cores do país.
Corrida
A corrida ao pólo Norte não é
apenas russa. Os cinco países
do entorno -Rússia, Dinamarca (a quem pertence a Groenlândia), Canadá, EUA e Noruega- já pleitearam a região.
A ONU negou todos os pedidos.
Com os novos achados, porém,
Moscou deve reapresentar a
reivindicação em 2009.
Canadá e Dinamarca, por sua
vez, têm o mesmo argumento
russo: a cordilheira Lomonosov é extensão de seus territórios. Os canadenses pretendem
ainda criar um fundo para mapear o leito do mar e gastar US$
7 bilhões para construir e operar oito navios de patrulha para
defender "sua soberania".
Ontem, a porta-voz do Departamento de Estado dos
EUA, Leslie Phillips, desejou
sorte aos russos na expedição,
mas disse que o país " continua
cético" quanto às conclusões de
Moscou. "Não tivemos oportunidade de analisar o material
recentemente recolhido [na expedição de junho]", disse ela.
Segundo o jornal "Financial
Times", a viagem submarina
russa também servirá para testar tecnologia para futura exploração de petróleo em águas
profundas. Acredita-se que
25% das reservas não conhecidas estejam lá.
Analistas dizem que o custo
da extrair óleo do Ártico poderia continuar proibitivo por décadas. Mas também afirmam
que a exploração em alto mar é
o futuro do setor, e todas as
grandes petroleiras, entre elas
a Petrobras, pesquisam o tema.
No caso do Ártico, duas gigantes já se posicionaram: a British
Petroleum se associou à estatal
russa Rosneft para, no futuro,
poder explorar a área.
A corrida ao Ártico, o primeiro a ser afetado pelo aquecimento global, preocupa os ambientalistas, que dizem que a
exploração prejudicará o ecossistema e atrapalhará seu papel
como zona de controle dos efeitos das mudanças climáticas.
Com agências internacionais e "Financial Times"
Texto Anterior: Patrimônio dos Kirchner cresce 25% em um ano Próximo Texto: Gazprom ameaça reduzir gás de Belarus Índice
|