São Paulo, quarta-feira, 02 de setembro de 2009

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Uribe consegue referendo por 3º mandato

Câmara colombiana repete o Senado e aprova consulta popular acerca de segunda reeleição para presidente da República

Aizar Raldes - 5.ago.09/France Presse
Uribe em visita ao Chile; presidente tem 70% de aprovação

DA REDAÇÃO

A Câmara dos Representantes (deputados) da Colômbia aprovou no final da noite de ontem a convocação de referendo para autorizar a segunda reeleição seguida do presidente Álvaro Uribe. A consulta depende agora apenas do aval da Corte Constitucional, que possui três meses para tomar uma decisão.
Eleito em 2002 e reeleito em 2006 -também após mudança constitucional para permitir a recondução consecutiva à Presidência-, Uribe terá então até o fim de novembro para realizar a consulta, convocada por decreto, e receber o sinal verde da população a tempo de postular à eleição de maio de 2010.
O líder colombiano nunca disse com todas as letras que pretende concorrer a um terceiro termo consecutivo, mas tampouco impediu que sua base aliada trabalhasse intensamente pela aprovação desde ao menos o ano passado. Uribe conta hoje com uma aprovação popular na casa dos 70%.
Com a medida, o colombiano segue os passos do presidente e rival venezuelano, Hugo Chávez, que também aprovou a reeleição ilimitada em consulta à população. No caso de Uribe, no entanto, o referendo prevê a possibilidade apenas de uma segunda reeleição consecutiva.
O projeto -cujo trâmite teve início há cerca de um ano no Congresso colombiano, e foi aprovado no Senado no último dia 20- entrou na pauta da Câmara apenas após uma maratona de apreciações de mais de 90 pedidos de impedimento que recaíam sobre representantes investigados na Justiça iniciada ainda na semana passada.
As medidas foram uma manobra política de deputados governistas, muitos dos quais acusados de irregularidades durante o trâmite do projeto. Absolvidos pela Casa, os deputados ficaram "blindados" para poder aprovar a convocação.
Mais da metade dos 166 deputados são investigados pela Corte Suprema sob suspeita de compra de votos e investigação judicial apura denúncia de que o governo distribuiu cerca de R$ 200 milhões em benesses a redutos eleitorais por apoio. Suspeitas similares surgiram na primeira alteração constitucional pró-reeleição, em 2004.
São apuradas também acusações de irregularidades no financiamento da campanha pelo referendo e no recolhimento de 5 milhões de assinaturas para propor a consulta, em 2008.
Além das denúncias e de revelações de espionagem no fim de semana, a aprovação esteve ameaçada pela prisão anteontem de três deputados da já estreita base aliada de Uribe na Casa, acusados de envolvimento com grupos paramilitares.
E antes do início da sessão de ontem, que adentrou a madrugada, uribistas tiveram que derrubar pedidos de sanções contra cinco oposicionistas que haviam se bandeado para a situação na votação do referendo antes de votar a ordem do dia.
A convocação do referendo pode criar tensão internamente na Colômbia no momento em que o país enfrenta uma crise regional pelo novo acordo militar que permitirá aos EUA utilizarem bases colombianas para combate ao narcotráfico.
A chamada política de segurança democrática de Uribe, financiada em grande parte pelo Plano Colômbia -pelo qual os EUA transferiram mais de US$ 5 bilhões ao aliado em cerca de dez anos-, é o esteio da popularidade do líder colombiano.
No seu governo, as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) foram seriamente debilitadas por medidas do governo. O fato serve de justificativa para a defesa da "re-reeleição" por uribistas, que acreditam que os avanços obtidos ficarão sob risco caso o presidente não possa concorrer.


Com agências internacionais


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