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Uribe consegue referendo por 3º mandato
Câmara colombiana repete o Senado e aprova consulta popular acerca de segunda reeleição para presidente da República
Aizar Raldes - 5.ago.09/France Presse
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Uribe em visita ao Chile; presidente tem 70% de aprovação
DA REDAÇÃO
A Câmara dos Representantes (deputados) da Colômbia
aprovou no final da noite de ontem a convocação de referendo
para autorizar a segunda reeleição seguida do presidente Álvaro Uribe. A consulta depende
agora apenas do aval da Corte
Constitucional, que possui três
meses para tomar uma decisão.
Eleito em 2002 e reeleito em
2006 -também após mudança
constitucional para permitir a
recondução consecutiva à Presidência-, Uribe terá então até
o fim de novembro para realizar a consulta, convocada por
decreto, e receber o sinal verde
da população a tempo de postular à eleição de maio de 2010.
O líder colombiano nunca
disse com todas as letras que
pretende concorrer a um terceiro termo consecutivo, mas
tampouco impediu que sua base aliada trabalhasse intensamente pela aprovação desde ao
menos o ano passado. Uribe
conta hoje com uma aprovação
popular na casa dos 70%.
Com a medida, o colombiano
segue os passos do presidente e
rival venezuelano, Hugo Chávez, que também aprovou a
reeleição ilimitada em consulta
à população. No caso de Uribe,
no entanto, o referendo prevê a
possibilidade apenas de uma
segunda reeleição consecutiva.
O projeto -cujo trâmite teve
início há cerca de um ano no
Congresso colombiano, e foi
aprovado no Senado no último
dia 20- entrou na pauta da Câmara apenas após uma maratona de apreciações de mais de 90
pedidos de impedimento que
recaíam sobre representantes
investigados na Justiça iniciada ainda na semana passada.
As medidas foram uma manobra política de deputados governistas, muitos dos quais
acusados de irregularidades
durante o trâmite do projeto.
Absolvidos pela Casa, os deputados ficaram "blindados" para
poder aprovar a convocação.
Mais da metade dos 166 deputados são investigados pela
Corte Suprema sob suspeita de
compra de votos e investigação
judicial apura denúncia de que
o governo distribuiu cerca de
R$ 200 milhões em benesses a
redutos eleitorais por apoio.
Suspeitas similares surgiram
na primeira alteração constitucional pró-reeleição, em 2004.
São apuradas também acusações de irregularidades no financiamento da campanha pelo referendo e no recolhimento
de 5 milhões de assinaturas para propor a consulta, em 2008.
Além das denúncias e de revelações de espionagem no fim
de semana, a aprovação esteve
ameaçada pela prisão anteontem de três deputados da já estreita base aliada de Uribe na
Casa, acusados de envolvimento com grupos paramilitares.
E antes do início da sessão de
ontem, que adentrou a madrugada, uribistas tiveram que derrubar pedidos de sanções contra cinco oposicionistas que haviam se bandeado para a situação na votação do referendo
antes de votar a ordem do dia.
A convocação do referendo
pode criar tensão internamente na Colômbia no momento
em que o país enfrenta uma crise regional pelo novo acordo
militar que permitirá aos EUA
utilizarem bases colombianas
para combate ao narcotráfico.
A chamada política de segurança democrática de Uribe, financiada em grande parte pelo
Plano Colômbia -pelo qual os
EUA transferiram mais de US$
5 bilhões ao aliado em cerca de
dez anos-, é o esteio da popularidade do líder colombiano.
No seu governo, as Farc (Forças Armadas Revolucionárias
da Colômbia) foram seriamente debilitadas por medidas do
governo. O fato serve de justificativa para a defesa da "re-reeleição" por uribistas, que acreditam que os avanços obtidos
ficarão sob risco caso o presidente não possa concorrer.
Com agências internacionais
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