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ANÁLISE
Guerra ajudou a moldar mundo atual
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo 70 anos depois do
seu início, a Segunda Guerra
Mundial ainda causa polêmicas
e está viva na mente dos líderes
mundiais. Não resta dúvida de
que foi Adolf Hitler o seu principal causador. Mas o líder soviético Joseph Stálin também
atacou a Polônia e compartilhou seu território com os alemães. Os soviéticos também tomaram as repúblicas bálticas
-Estônia, Letônia e Lituânia-
e atacaram a Finlândia.
É compreensível que a memória da guerra nesses países
não veja apenas os alemães como perpetradores do conflito.
Cada país do planeta viveu uma
experiência distinta entre 1939
e 1945. Cada uma delas ajudou
a moldar o mundo; a guerra foi
o fenômeno mais marcante do
século passado.
Isso explica porque mesmo
no século 21 os fatos continuam
caudatários do maior conflito
da história humana.
A Rússia foi o país que mais
sofreu em termos de mortos e
destruição do território. Foi o
esforço de guerra soviético que
salvou o mundo. A maior parte
das forças armadas da Alemanha estava envolvida em combater os soviéticos. Isso ainda é
sentido pelos russos como uma
dívida política. E também explica o temor russo de estar
cercado por países supostamente "hostis" por quererem
integrar a aliança militar ocidental, a Otan.
A China também faz questão
de lembrar o sofrimento que os
japoneses impuseram ao país
-e isso é intensificado pela falta de tato dos políticos japoneses, que não reconhecem os erros dos seus antecessores.
Os alemães reconheceram
seus erros, como o genocídio
dos judeus. O Japão prefere esquecer a guerra e mesmo não
reconhecer seu papel como
agressor, como demonstram
seus livros escolares, que não
mencionam atrocidades nipônicas como forçar mulheres
asiáticas a servir de prostitutas,
escravizar e matar prisioneiros.
A guerra ajudou a encerrar a
era dos impérios coloniais europeus. Com os japoneses tomando colônias de França, Holanda e Reino Unido, caiu a
"mística" do homem branco na
Ásia. A independência da Índia
foi apressada pela guerra.
O Reino Unido deixou de ser
uma grande potência, mas o fato de não ter sido ocupado e de
resistir bravamente sozinho
aos alemães e italianos durante
meses fez o país manter um
certo "status" diplomático-militar no mundo da Guerra Fria,
dominado pelas superpotências, EUA e URSS. Esse legado
se nota ainda hoje no papel desempenhado pelos britânicos
no Afeganistão e no Iraque.
A derrota militar e a ocupação pelo inimigo marcada por
graus variáveis de colaboracionismo, especialmente na França, também é algo que muitos
países europeus gostariam de
esquecer.
A guerra poderia ter sido evitada a qualquer momento em
agosto de 1939, segundo o historiador britânico Richard
Overy, autor de um livro sobre
o início do conflito. A pusilanimidade em enfrentar Hitler
dos líderes das democracias
ocidentais, como o primeiro-ministro britânico Neville
Chamberlain, entrou para a
história política como exemplo
do que não se deve fazer.
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