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Hebron vira cidade símbolo do conflito
Protegidos pelo Exército israelense, colonos se vingam de ataque palestino atacando suas casas e plantações
Assentados batizam política de "etiqueta de preço", cobrando caro pelo ataque que matou quatro civis anteontem
ENVIADO ESPECIAL A HEBRON
Um dia depois do atentado
que matou quatro colonos judeus perto de Hebron, a cidade conhecida como um dos
principais focos de tensão
entre palestinos e israelenses
parecia concentrar todo o
pessimismo e o descrédito
que cercam mais um reinício
do processo de paz.
As mortes dos quatro colonos, reivindicadas pela ala
militar do grupo islâmico Hamas, levaram o Exército israelense a declarar estado de
alerta em torno de Hebron,
tornando ainda mais segregada uma região em que árabes e judeus vivem lado a lado, mas mal convivem.
Na estrada em que ocorreu
o atentado, quase todos os
carros eram parados ontem
por soldados.
A cena havia se tornado incomum nos últimos anos,
quando a queda drástica no
nível de violência foi atribuída à cooperação entre forças
israelenses e palestinas.
"Acho que essa sensação
de segurança era só dos israelenses, porque nós nunca
nos sentimos seguros com
tantos soldados nos cercando", diz Kahil, enquanto caminha por uma feira de alimentos em Hebron.
300 PRISÕES
A volta da violência às vésperas da retomada do diálogo ressalta os temas principais de ambos os lados da
mesa de negociação: a segurança para os israelenses, a
ocupação para os palestinos.
Na busca pelos autores do
atentado, mais de 300 ativistas do Hamas foram detidos
ontem por forças da Autoridade Nacional Palestina, que
administra a Cisjordânia.
Um porta-voz do Hamas, o
grupo islâmico rival da ANP,
que é controlada pelo secular
Fatah, chamou as prisões de
"ato político".
As quatro vítimas do atentado viviam em Beit Hagai,
um pequeno assentamento
ao sul de Hebron.
Ontem, depois dos funerais, colonos queimaram
plantações e atacaram casas
de palestinos, em mais uma
demonstração da politica batizada por eles de "etiqueta
de preço".
É destinada a cobrar caro
por cada ato de violência ou
qualquer concessão aos palestinos.
Espalhados em grande número pela região para buscar
os assassinos dos colonos, os
soldados israelenses se viram obrigados a enfrentar
outros colonos, desta vez para proteger os palestinos.
Em resposta ao atentado, a
liderança dos colonos na Cisjordânia anunciou que recomeçará a construir nos territórios ocupados, ignorando a
moratória de dez meses imposta pelo governo, que termina no dia 26 de setembro.
"Começaremos nesta noite
a construir em toda a Judeia e
Samaria [nome bíblico da
Cisjordânia]", disse Naftali
Bennett, líder dos colonos.(MARCELO NINIO)
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