São Paulo, terça-feira, 02 de outubro de 2001

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ORIENTE MÉDIO

Jihad Islâmica assume a autoria do atentado

Carro-bomba explode em um bairro comercial de Jerusalém

PHIL REEVES
DO "THE INDEPENDENT", EM JERUSALÉM

Um poderoso carro-bomba explodiu ontem em Jerusalém Ocidental no primeiro ataque de militantes palestinos a civis em Israel desde o massacre nos EUA. Ninguém ficou ferido.
Nas três semanas desde os ataques aéreos ao World Trade Center e ao Pentágono, não tinha havido nenhum atentado suicida ou explosões de carros-bombas além da Linha Verde, "fronteira" entre Israel e territórios palestinos.
Enquanto os Estados Unidos e seus aliados mobilizaram suas forças em uma altamente ambiciosa, e até então não concretizada, "guerra contra o terror", os grupos de guerrilha palestinos nacionalistas tomaram a decisão estratégica de evitar ser colocados junto com aqueles que estão por trás dos assassinatos em massa nos EUA e de confinar suas operações a ataques a colonos israelenses vivendo ilegalmente na Cisjordânia e na faixa de Gaza e aos soldados que os protegem.
Mas isso terminou ontem de manhã -pelo menos para a Jihad Islâmica, que assumiu a responsabilidade pelo carro-bomba em uma declaração a agências de notícia ocidentais na Síria.
Poderia ter sido sangrento. A polícia israelense disse que a bomba, que explodiu no bairro comercial Talpiot Ocidental quando israelenses estavam fazendo compras de última hora para o feriado de Sucot, continha 12 quilos de explosivos e estava embalada com pregos e balas. O ataque foi usado pelo governo de Israel para reforçar seu argumento -visto com ceticismo pela maior parte da comunidade internacional- de que não há distinção entre grupos palestinos militantes e Osama bin Laden e que a tão propalada coalizão internacional antiterror deveria incluir os primeiros na sua mira.
O carro-bomba ganhou rapidamente manchetes na TV em todo o mundo -o que não aconteceu com os 17 palestinos que foram assassinados pelo Exército israelense desde as negociações para um cessar-fogo entre Iasser Arafat e o ministro das Relações Exteriores de Israel, Shimon Peres. A conduta do Exército israelense, que continua matando árabes -incluindo crianças que estavam jogando pedras- apesar das últimas negociações de cessar-fogo, abriu uma grande brecha entre Peres e os generais de Israel.


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