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ALEMANHA
Falta apoio de governistas
Schröder diz que sai se reforma não passar
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
O chanceler (premiê) alemão, o
social-democrata Gerhard Schröder, ameaçou anteontem deixar
seu posto se seu partido não
apoiar seu projeto de reformas
econômicas -que será votado
no próximo dia 17 de outubro.
Foi a segunda vez em menos de
uma semana em que Schröder fez
essa ameaça. Para analistas ouvidos pela Folha, embora isso mostre que o chanceler se encontra
numa situação delicada, ele não
tem muitos outros argumentos.
"Após herdar um quadro caótico de Helmut Kohl [democrata-cristão], Schröder tentou iniciar
as reformas, mas não conseguiu.
Agora ele tem uma maioria apertada no Bundestag [Câmara Baixa do Parlamento], contudo parece estar determinado a entrar
para a história como o chanceler
das reformas", disse David Klingenberger, da Universidade de
Colônia.
"As reformas econômicas são
absolutamente cruciais. Talvez
Schröder tenha demorado demais para começá-las, porém
nunca é tarde para fazer o que é
preciso", analisou Elmar Altvater,
reputado politólogo de Berlim.
Com 4,22 milhões de desempregados -mais de 10%-, um
déficit público perto dos 4% (um
ponto percentual acima do permitido pelo Banco Central Europeu) e taxas de crescimento inferiores a 1% nos últimos três anos,
o chanceler não tem escolha.
Todavia sua situação política é
complexa. Sua coalizão, que ainda conta com os Verdes, tem 303
cadeiras no Bundestag. A oposição possui 297. Já no Bundesrat
(espécie de Senado), Schröder e
seus aliados são minoria.
"O chanceler foi obrigado a debater as reformas com a oposição
para ter chance de vê-las aprovadas. Isso desagradou bastante à
ala mais de esquerda de sua coalizão", apontou Klingenberger.
Na semana passada, quando a
reforma do sistema de saúde foi
aprovada, Schröder obteve a vitória no Bundestag graças à oposição, já que alguns deputados de
sua coalizão se rebelaram. O mesmo poderá ocorrer em 17 de outubro, mas a oposição não parece
inclinada a ajudá-lo. Se seu projeto for rejeitado, a carreira política
do chanceler estará terminada.
Outra alternativa seria um acordo entre social-democratas e democrata-cristãos. Contudo, nesse
caso, a ala mais de esquerda do
partido do chanceler deixaria a
agremiação, tornando-a minoritária. E Schröder jamais aceitaria
participar de um governo comandado pelos democrata-cristãos.
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