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São Paulo, quinta-feira, 02 de outubro de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Palestinos acusam israelenses de roubar terra; EUA evitam criticar Sharon, que adia decisão sobre assentamento

Israel decide ampliar barreira controversa

DA REDAÇÃO

O gabinete do premiê de Israel, Ariel Sharon, aprovou ontem a construção de mais um trecho de uma barreira para separar o país da Cisjordânia. A decisão ocorreu apesar das críticas de que áreas palestinas serão confiscadas pelos israelenses, tornando-se mais um obstáculo à paz na região.
O novo trecho é polêmico e deixará do lado israelense da barreira dezenas de assentamentos judaicos, incorporando mais partes do território palestino. Os palestinos dizem que Israel está estabelecendo unilateralmente as fronteiras de um futuro Estado palestino.
O objetivo dos israelenses é impedir que terroristas palestinos entrem em Israel para cometer atentados. O governo de Sharon admite derrubar a barreira caso o terrorismo seja controlado.
Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Richard Boucher, disse que a posição americana em relação à barreira não mudou. O presidente dos EUA, George W. Bush, disse anteriormente que considera a barreira um "problema" e chegou a criticá-la publicamente.
Desta vez, os EUA não criticaram publicamente a construção da barreira. Mas acrescentaram que continuarão discutindo o tema com autoridades de Israel.
Os americanos têm pressionado Israel a construir a barreira o mais próximo possível da fronteira entre o país e a Cisjordânia, não incorporando ao lado israelense os assentamentos judaicos.
Os EUA chegaram a ameaçar Israel de impor sanções financeiras. Com isso, o governo israelense decidiu adiar a decisão de incorporar ou não ao lado israelense o assentamento de Ariel, o segundo maior da Cisjordânia, com 18 mil habitantes. A colônia se localiza 20 km dentro da Cisjordânia.
O destino do trecho próximo a Ariel deve ser decidido em oito meses, após negociações entre americanos e israelenses. Ministros mais radicais do gabinete de Sharon querem que todos os assentamentos judaicos fiquem do lado israelense da barreira.
Ao redor do aeroporto Ben Gurion será construída uma barreira dupla para, segundo Israel, impedir que terroristas palestinos lancem mísseis contra aviões.
Autoridades israelenses estimam que cerca de 60 mil palestinos ficarão do lado israelense. Os palestinos dizem que até 200 mil serão afetados pela barreira.
Essas pessoas ficarão isoladas do restante das áreas palestinas. Muitas crianças não poderão ir a escolas. Alguns não poderão trabalhar, e o acesso a hospitais será dificultado. Uma autoridade israelense disse que túneis serão construídos para facilitar o acesso desses palestinos ao restante da Cisjordânia.
O principal negociador da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Saeb Erekat, afirmou que "a barreira é um grande roubo de terra". Para o negociador, Sharon adiou a decisão sobre o destino do assentamento de Ariel para o futuro porque sabe que, daqui a alguns meses, Bush estará envolvido com a reeleição nos EUA.
A ONU considera a barreira israelense ilegal.

Ataques
Forças israelenses mataram um membro do grupo terrorista Jihad Islâmico e um outro palestino em incursão em um campo de refugiados em Tulkarem, na Cisjordânia. Bassam Saadi, um líder local do grupo, foi preso. Ele integrava a lista de mais procurados por Israel.


Com agências internacionais


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