|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GUERRA SEM LIMITES
Clérigo suspeita que ataque tenha sido vingança contra xiitas pela morte de membro sunita da Al Qaeda
Terror mata 25 em mesquita no Paquistão
ASIF SHAHZAD
DA ASSOCIATED PRESS
Um terrorista suicida carregando uma bomba dentro de uma
pasta atacou ontem uma mesquita xiita repleta de fiéis no leste do
Paquistão, matando pelo menos
25 pessoas e ferindo mais de 50.
Tropas foram enviadas à cidade
de Sialkot para restaurar a ordem
após a explosão.
Para um importante clérigo xiita, pode ter sido retaliação pela
morte, no último fim de semana,
pelas forças de segurança, de Hussain Farooqi, importante integrante da Al Qaeda e militante sunita acusado de participação na
morte do jornalista americano
Daniel Pearl, em 2002.
Pouco após a explosão, especialistas desarmaram uma segunda
bomba de 5 kg do lado de fora da
mesma mesquita, onde centenas
de xiitas enfurecidos tinham se
reunido para protestar, e, com isso, provavelmente salvaram muitas outras vidas, disse a polícia.
O ditador Pervez Musharraf,
aliado-chave dos EUA, disse que o
ataque mostra que "os terroristas
não têm religião e são inimigos da
humanidade". Ele reafirmou o
compromisso de seu governo
com o combate aos terroristas.
Nos três anos passados desde
que Musharraf comprometeu o
país com a guerra contra o terror,
militantes islâmicos, muitas vezes
ligados à Al Qaeda, têm lançado
repetidos ataques contra alvos do
governo e ocidentais.
A violência também sido dirigida contra a minoria muçulmana
xiita, que compõe cerca de 20% da
população de 150 milhões de habitantes, a maioria da qual é formada por sunitas.
Como acontece no Iraque, onde
militantes sunitas são suspeitos
de lançar ataques provocadores
contra xiitas, as tensões sectárias
permanecem sempre quase em
ebulição no Paquistão, que possui
um histórico de atritos entre as
duas correntes do islã.
Carne humana
Nenhum grupo assumiu a responsabilidade pelo ataque contra
as centenas de fiéis que estavam
na mesquita de Zainabia, no centro de Sialkot, cidade situada 230
km a sudeste de Islamabad. Eles
participavam das tradicionais
orações da sexta-feira.
A explosão deixou uma cratera
na mesquita e danificou suas paredes. Carne humana ficou espalhada pelo chão, recoberto de cacos de vidro, e sangue manchava
o teto da mesquita.
"Eu estava orando quando vi
uma luz forte, e então alguma coisa explodiu com um ruído enorme, e eu caí", contou Sajjad Anwar, 36. "Uma onda espessa de fumaça se formou após a explosão,
e vi pedaços de corpos humanos
atingindo as paredes e o teto da
mesquita."
Mumtaz Ali Shah, 43, também
ferido, contou: "Minha cabeça parou de funcionar por um momento depois da explosão, mas, quando abri os olhos, me vi deitado em
meio a corpos de mortos".
De acordo com o chefe de polícia de Sialkot, Nisar Ahmed, testemunhas contaram que um homem com uma pasta entrou na
mesquita pouco antes da explosão e que a pasta explodiu. "Estamos quase certos de que foi um
ataque suicida", disse Ahmed à
Associated Press.
Pouco após a explosão, uma
equipe de desarmadores de bombas encontrou outra bomba numa pasta do lado de fora da mesquita. Mohammed Nazir, o chefe
da equipe, disse: "Essa bomba de
5 kg poderia ter matado dezenas
de pessoas se não tivesse sido desarmada".
Tradução de Clara Allain
Texto Anterior: EUA atrapalham reféns, diz francês Próximo Texto: Número dois da Al Qaeda exorta novos ataques Índice
|