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Putin acusa a Geórgia de terrorismo e de fazer reféns
Crise foi deflagrada pela prisão de militares russos suspeitos de espionagem
Líder georgiano minimiza declarações e diz que russos "não são irracionais o suficiente" para fazer uso da força contra seu país
DA REDAÇÃO
O presidente russo, Vladimir
Putin, acusou ontem a Geórgia
de praticar "terrorismo de Estado com a tomada de reféns".
A linguagem, incomumente
animosa, sugere uma resposta
enérgica à decisão da Geórgia
de prender quatro militares
russos sob a acusação de espionagem na semana passada.
As declarações de Putin ocorrem depois de uma reunião de
urgência que manteve nos arredores de Moscou com os comandantes militares, principais ministros e chefes dos serviços de inteligência para discutir a crise entre as duas ex-repúblicas soviéticas.
"O presidente qualificou as
ações da liderança georgiana
como um ato de terrorismo de
Estado com a tomada de reféns", afirma comunicado.
Putin também comparou as
ações da Geórgia com as da polícia secreta do ex-ditador da
União Soviética Josef Stálin, dizendo que elas fazem parte do
"legado político de Laurenti
Pavlovitch Beria". Beria, como
Stálin, era georgiano -a Geórgia integrava a União Soviética.
Foi chefe da temida polícia secreta NKVD e promoveu o expurgo de milhões de soviéticos
nos anos 30 e 40. Também supervisionou a fabricação da
bomba atômica russa.
O chanceler georgiano reagiu
classificando as declarações de
Moscou de "ameaça explícita
de uso da força militar". O presidente Mikhail Saakashvili, no
entanto, minimizou-as, dizendo que "não as estava levando a
sério". "É uma reação exagerada, causada pelo nervosismo
que eles mesmos criaram." Saakashvili disse ainda não acreditar que Moscou planeje fazer
uso da força contra os georgianos. "Não acredito que eles sejam irracionais o suficiente."
A Geórgia havia acusado Putin de se encontrar em segredo
com líderes separatistas georgianos e de apoiá-los. Desde
que a crise se instalou, na semana passada, a Rússia já retirou
seu embaixador de Tbilisi, reduziu o pessoal diplomático ao
mínimo e deixou de conceder
vistos de entrada para cidadãos
georgianos.
Retirada
Apesar do tom animoso, Putin disse ao Ministério da Defesa para continuar com os planos para a retirada das tropas
russas da Geórgia, afirmou o
porta-voz da Presidência, Alexei Gromov. O Ministério da
Defesa russo havia informado
no sábado que a retirada fora
suspensa, porque não seria
possível garantir a segurança
das tropas quando atravessassem território georgiano. A
Rússia deve tirar seus homens
das bases que ainda mantém na
Geórgia até o fim de 2008.
O comandante das forças
russas na Geórgia disse que as
tropas estão em estado de alerta e receberam ordem de matar
se preciso. "Estamos prontos
para demover qualquer tentativa de penetrar em nossas bases
usando todos os meios, incluindo atirar para matar", disse o
general Andrei Popov.
A atual crise foi deflagrada
pela prisão, na quarta, de quatro oficiais russos sob acusação
de espionagem, mas as relações
entre os dois países vêm se deteriorando há vários meses. Putin desaprova as políticas abertamente pró-ocidentais de Saakashvili, e este critica Moscou.
Separatismo
A Geórgia acusa a Rússia de
fomentar o sentimento separatista na Abkházia e na Ossétia
do Sul, regiões que romperam
com o governo central e têm
planos de formalizar a secessão
para se incorporar à Rússia.
A Geórgia tem 5 milhões de
habitantes, muitos dos quais
dependem de remessas de dinheiro enviadas por parentes
que trabalham na Rússia. O
país também depende de Moscou para seu suprimento de gás
e eletricidade.
Com agências internacionais
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