São Paulo, terça-feira, 02 de outubro de 2007

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Após vitória, Correa diz que povo quer fim do Congresso

Coalizão do governo equatoriano terá maioria absoluta na Assembléia Constituinte eleita anteontem, diz projeção

Presidente diz que haverá eleições gerais após nova Carta, nega inspiração venezuelana e diz ser um "pragmático" em economia

DA REDAÇÃO

O presidente esquerdista do Equador, Rafael Correa, qualificou de "histórica" e de "a mais contundente na América Latina" a vitória de sua coalizão, o Acordo País (AP), nas eleições para a Assembléia Constituinte realizadas no domingo. Segundo pesquisas de boca-de-urna e projeções de uma ONG, o grupo terá ao menos 71 das 130 cadeiras, ou a maioria absoluta na instância.
Correa negou que o modelo da nova Carta será a Constituição da Venezuela de Hugo Chávez e reiterou sua intenção de pedir que a Constituinte dissolva o atual Congresso equatoriano, eleito, assim como ele, no ano passado.
"Com o Congresso é muito difícil de atuar e creio que o pronunciamento do povo equatoriano foi contundente: o Congresso tem de ir pra casa", afirmou Correa, em entrevista a meios estrangeiros ontem.
Como a Assembléia Constituinte terá "plenos poderes", o pedido de recesso é possível, mas os congressistas já afirmaram que tentarão resistir em seus cargos.
Segundo as projeções da ONG Participação Cidadã, a oposição, que há menos de um ano obrigou Correa a disputar segundo turno pela Presidência, encolheu. Os conservadores somados só foram a escolha de pouco mais de 10% da população, diz o levantamento.
O Partido Sociedade Patriótica (PSP), do ex-presidente Lucio Gutiérrez, teria obtido 7,1% dos votos, ou 18 cadeiras. Já o Prian, do ex-candidato a presidente Álvaro Noboa, teria conseguido 6,7%. A oposição diz que esperará os números oficiais. Os primeiros resultados consolidados saem em dez dias.
Na contagem oficial, com só 5,68% das urnas apuradas, o resultado seguia a tendência das pesquisas: os governistas arrebatavam 71% dos votos.
"Há um antigo poder que estamos derrubando. Esses 2% ou 3% que estavam acostumados a manejar vidas, pessoas e recursos lançam um grito ao céu dizendo que estão dividindo o país porque eles estão perdendo os privilégios", disse Correa, em mais um ataque à oposição ontem. "Se eles estão nervosos, o único que se pode dizer é que tomem um valium."
Depois, o presidente ensaiou um discurso conciliatório. Pregou o diálogo com integrantes da oposição, exceto com Gutiérrez e Noboa, e afirmou que "o governo não chegará à Assembléia com a Constituição pronta debaixo do braço".
Correa disse ainda que, a exemplo do que aconteceu na Venezuela de Hugo Chávez, pretende convocar eleições gerais - "ao menos para presidente, vice e legislativas"- após a ratificação da nova Constituição, que deve ficar pronta em até 9 meses.
Na área econômica, o presidente tentou ser tranqüilizador: "Sair da dolarização não é uma urgência". Apesar de pregar que a nova Carta "desmontará" o modelo econômico, Correa disse que o Estado manterá regras "macrofiscais" claras e buscará investimento estrangeiro. "Que fique claro que não somos fundamentalistas, somos pragmáticos."


Com agências internacionais


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