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Após vitória, Correa diz que povo quer fim do Congresso
Coalizão do governo equatoriano terá maioria absoluta na Assembléia Constituinte eleita anteontem, diz projeção
Presidente diz que haverá eleições gerais após nova Carta, nega inspiração venezuelana e diz ser um "pragmático" em economia
DA REDAÇÃO
O presidente esquerdista do
Equador, Rafael Correa, qualificou de "histórica" e de "a mais
contundente na América Latina" a vitória de sua coalizão, o
Acordo País (AP), nas eleições
para a Assembléia Constituinte
realizadas no domingo. Segundo pesquisas de boca-de-urna e
projeções de uma ONG, o grupo
terá ao menos 71 das 130 cadeiras, ou a maioria absoluta na
instância.
Correa negou que o modelo
da nova Carta será a Constituição da Venezuela de Hugo Chávez e reiterou sua intenção de
pedir que a Constituinte dissolva o atual Congresso equatoriano, eleito, assim como ele, no
ano passado.
"Com o Congresso é muito
difícil de atuar e creio que o
pronunciamento do povo equatoriano foi contundente: o
Congresso tem de ir pra casa",
afirmou Correa, em entrevista
a meios estrangeiros ontem.
Como a Assembléia Constituinte terá "plenos poderes", o
pedido de recesso é possível,
mas os congressistas já afirmaram que tentarão resistir em
seus cargos.
Segundo as projeções da
ONG Participação Cidadã, a
oposição, que há menos de um
ano obrigou Correa a disputar
segundo turno pela Presidência, encolheu. Os conservadores somados só foram a escolha
de pouco mais de 10% da população, diz o levantamento.
O Partido Sociedade Patriótica (PSP), do ex-presidente Lucio Gutiérrez, teria obtido 7,1%
dos votos, ou 18 cadeiras. Já o
Prian, do ex-candidato a presidente Álvaro Noboa, teria conseguido 6,7%. A oposição diz
que esperará os números oficiais. Os primeiros resultados
consolidados saem em dez dias.
Na contagem oficial, com só
5,68% das urnas apuradas, o resultado seguia a tendência das
pesquisas: os governistas arrebatavam 71% dos votos.
"Há um antigo poder que estamos derrubando. Esses 2%
ou 3% que estavam acostumados a manejar vidas, pessoas e
recursos lançam um grito ao
céu dizendo que estão dividindo o país porque eles estão perdendo os privilégios", disse
Correa, em mais um ataque à
oposição ontem. "Se eles estão
nervosos, o único que se pode
dizer é que tomem um valium."
Depois, o presidente ensaiou
um discurso conciliatório. Pregou o diálogo com integrantes
da oposição, exceto com Gutiérrez e Noboa, e afirmou que
"o governo não chegará à Assembléia com a Constituição
pronta debaixo do braço".
Correa disse ainda que, a
exemplo do que aconteceu na
Venezuela de Hugo Chávez,
pretende convocar eleições gerais - "ao menos para presidente, vice e legislativas"-
após a ratificação da nova
Constituição, que deve ficar
pronta em até 9 meses.
Na área econômica, o presidente tentou ser tranqüilizador: "Sair da dolarização não é
uma urgência". Apesar de pregar que a nova Carta "desmontará" o modelo econômico,
Correa disse que o Estado manterá regras "macrofiscais" claras e buscará investimento estrangeiro. "Que fique claro que
não somos fundamentalistas,
somos pragmáticos."
Com agências internacionais
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