São Paulo, domingo, 02 de outubro de 2011

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Fundo europeu pode cair em descrédito

Analistas apontam risco de que recursos sejam suficientes só para socorrer nações pequenas, como a Grécia

Fragilidade de países menores e risco do sistema bancário faz com que a crise ameace a economia mundial

ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO

A aprovação pelo Parlamento da Alemanha de poderes e recursos ampliados para o fundo criado pela Europa para socorrer os países em crise trouxe alívio para políticos e investidores na última quinta-feira.
Mas o fundo vitaminado corre risco de nascer defasado e, com isso, cair em descrédito.
Isso porque, para analistas, os € 440 bilhões (R$ 1 trilhão) que terá o EFSF (sigla de Fundo Europeu de Estabilidade Financeira) poderão ser suficientes só para socorrer países menores como Grécia, Irlanda e Portugal.
Mas nações maiores, como Itália e Espanha, talvez também precisem de ajuda.
Além disso, bancos de diversos países europeus têm grande exposição às economias afetadas.

ORIGEM
Um artigo dos pesquisadores Peter Boone e Simon Johnson, do Peterson Institute, explica que o Banco Central Europeu costumava tratar os títulos soberanos de todos os países da zona do euro de forma relativamente igualitária.
Bancos podiam, por exemplo, converter títulos das dívidas dos países em dinheiro junto aos bancos centrais de cada nação. Isso teria estimulado bancos a emprestarem para os governos.
Segundo a revista britânica "The Economist", essa situação acabou fazendo com que os juros pagos pelos governos europeus convergissem para patamar próximo.
O problema é que nem todos os países tinham a mesma saúde financeira.
A Grécia, por exemplo, se endividou muito, situação agravada pela baixa arrecadação tributária no país.
Já Espanha e Itália, ainda que com contas mais frágeis do que Alemanha e Reino Unido, têm saúde financeira bem melhor do que Grécia e Portugal, por exemplo.
Mas, em tempos de crise e pânico, alguns problemas passam a ser vistos com lente de aumento pelo mercado financeiro. Isso ajuda a explicar a fuga de títulos dos países maiores recentemente.
O agravamento da crise europeia representa ameaça para a economia mundial, também abalada pela recuperação anêmica nos EUA.
A consultoria Economist Intelligence Unit afirma que o risco de nova recessão é de um em três.
Segundo Ansgar Belke, do Instituto Alemão de Pesquisa Econômica, uma saída para conter a crise seria a recapitalização do sistema bancário europeu pelo BCE.
Mas as discussões políticas ainda parecem estar longe de soluções como essa.
"Infelizmente, a crise não chegou em um nível suficientemente forte para convencer os políticos a tomar atitude mais firme", diz Tony Volpon, da corretora Nomura.

Colaboraram CAROLINA VILA-NOVA e VERENA FORNETTI


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