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EUA
Sob intensas críticas de inoperância do governo, presidente faz anúncio de investimentos para conter possível pandemia
Bush anuncia US$ 7 bi contra gripe aviária
IURI DANTAS
DE WASHINGTON
Escaldado pelas crescentes críticas sobre a inaptidão de seu governo, o presidente americano,
George W. Bush, anunciou ontem
a injeção de US$ 7,1 bilhões (R$
16,2 bilhões) para a prevenção da
gripe aviária no país. Desse montante, US$ 2,8 bilhões serão destinados à pesquisa de novas vacinas
contra futuras ameaças de epidemia de gripe.
"Ao fazer sábios investimentos
em tecnologia e quebrando barreiras na produção de vacinas,
trabalhamos em direção a uma
meta clara: na eventualidade de
uma epidemia precisamos ter vacinas suficientes para cada americano", disse Bush.
Em uma cerimônia preparada
por sua assessoria, Bush fez um
discurso ressaltando a necessidade de a população americana estar preparada, uma vez que o vírus H5N1 da gripe aviária -a variação mortal- ainda não é
transmitido entre seres humanos.
Mas especialistas afirmam que o
vírus pode sofrer mutação. A
doença já matou mais de 60 pessoas na Ásia desde 2003.
"Cientistas e doutores não conseguem nos dizer onde ou quando uma nova epidemia vai atacar,
ou quão severa vai ser. Mas a
maioria concorda: em algum momento provavelmente vamos enfrentar outra epidemia", afirmou.
A estratégia de resposta dos
EUA contra epidemias de gripe
começou a ser delineada há alguns anos. No ano passado, um
rascunho do programa foi divulgado pelo Instituto Nacional de
Saúde, mas muitos críticos observavam a demora da gestão Bush
em finalizar o plano, algo que o
Reino Unidos já fez.
Diferentemente do Brasil, onde
o governo anunciou um programa emergencial contra a gripe
aviária, o plano americano estabelece as diretrizes de prevenção
contra qualquer epidemia de gripe. Baseia-se em três linhas: 1)
monitorar e conter focos em qualquer país do mundo; 2) estocar e
produzir vacinas e drogas antivirais; e 3) preparar autoridades
municipais, estaduais e federais
para responder à chegada de uma
epidemia nos EUA.
Os recursos anunciados ontem
por Bush seguem essas diretrizes.
Dos US$ 7,1 bilhões, US$ 251 milhões estão programados para detecção de focos em outros países,
US$ 2,8 bilhões serão usadas para
melhorar a tecnologia de cultura
de células, US$ 800 milhões vão
para o desenvolvimento de novos
tratamentos e vacinas, US$ 1,52
bilhão serão usados para a compra de vacinas e outro US$ 1,03 bilhão, no estoque de medicamentos antivirais. Por fim, o governo
repassará US$ 644 milhões a
agências locais e estaduais como
verba para preparação contra
possíveis epidemias.
Segundo o governo americano,
os valores destinados a vacinas serão suficientes para montagem de
um estoque de 20 milhões de doses, o que equivale a quase 10%
dos cerca de 265,5 milhões de habitantes do país. Para atingir o objetivo, Bush pedirá ao Congresso
para derrubar leis que permitem
aos consumidores processar a indústria farmacêutica quando os
medicamentos não dão resultado.
De início, os EUA comprarão
vacinas contra a variação H5N1
da gripe aviária, mesmo sob os
alertas de sua constante mutação.
O medicamento escolhido foi o
Tamiflu, da suíça Roche, que obteve uma licença para produzir o
remédio nos EUA. Na semana
passada, a companhia havia
anunciado a suspensão das vendas do Tamiflu ao setor privado.
Bush afirmou que, mesmo se o
vírus se transmutar, as vacinas
irão ao menos oferecer algum alívio aos que se contaminarem. Para evitar a disseminação da doença, o governo quer também implementar uma rede nacional de
vigilância sanitária, que facilitará
a troca de informações entre os
órgãos envolvidos.
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